terça-feira, 9 de março de 2021

Expulsão dos judeus da Espanha em 1492

 


O Decreto de Alhambra, Édito de Granada ou Édito de Expulsão (em espanhol : Decreto de la Alhambra, Edicto de Granada), foi o decreto régio dos Reis Católicos, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, expulsando os judeus praticantes das Coroas de Castela e Aragão e suas possessões até 31 de julho de 1492. Queriam eliminar sua influência na grande conversão da população da Espanha e garantir que eles não voltassem ao judaísmo. Mais da metade dos judeus da Espanha tinham se convertido como resultado da perseguição e os pogroms de 1391. Devido aos contínuos ataques, 50 mil outros se converteram em 1415.  Um número menor dos restantes se converteu para evitar a expulsão. O decreto de Alhambra e da perseguição em anos anteriores, resultou em mais de 200 mil judeus convertidos ao catolicismo e entre 40 e 100 mil expulsos, um número desconhecido voltou à Espanha nos anos seguintes à expulsão. Houve migração em massa de judeus da Espanha para a Itália, Grécia e o Mediterrâneo. O édito foi revogado formal e simbolicamente em dezembro de 1968, após o Concílio Vaticano II. (JV)

História Islâmica 

Expulsão dos judeus da Espanha. 1492

Em julho de 1492, a nova Espanha unificada pelo casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela e a anexação do Reino de Granada, expulsou suas populações judias e muçulmanas como parte da Inquisição espanhola e "purificação populacional'' de um país que só deveria ter uma fé, a Igreja Católica Apostolica Romana. 

Ao saber da tragédia da imigração forçada e desordenada de milhares de pessoas, o sultão otomano Bayezid II enviou sua marinha sob o comando do almirante Kemal Reis para a Espanha em 1492 para evacuá-los de forma segura para terras otomanas. Ele enviou proclamações por todo o império para que os refugiados espanhóis fossem bem recebidos, principalmente nas províncias europeias. 

O sultão concedeu aos refugiados permissão para se instalarem no Império Otomano e se tornarem-se cidadãos legítimos de forma imediata. Ridicularizando a politica dos reis católicos de expulsar suas minorias, o sultão exclamou a seus cortesões: "Você se arrisca em chamar Fernando de governante sábio, logo ele que empobreceu seu próprio país e enriqueceu o meu!". 

Convidando seus correligionários para o Império, o rabino asquenaze de origem francesa Yitzhak Sarfati disse:

"Eu proclamo a vós que a Turquia é uma terra onde nada falta e onde, se quiserem, tudo ficará bem convosco. Acaso não é melhor viver governado pelos muçulmanos de que pelos cristãos?"

Os judeus espanhóis, ou sefarditas, foram autorizados a se estabelecer nas cidades mais ricas do império, especialmente nas províncias europeias (cidades como: Istambul, Sarajevo, Salônica, Adrianópolis e Nicópolis), Oeste e Norte da Anatólia (Bursa, Aydın, Tokat e Amasya), mas também nas regiões costeiras do Mediterrâneo (por exemplo: Jerusalém, Safed, Damasco, Egito). A população judaica em Jerusalém aumentou de 70 famílias em 1488 para 1.500 no início do século XVI, enquanto a de Safed aumentou de 300 para 2.000 famílias. Damasco tinha uma congregação sefardita de 500 famílias. 

Istambul tinha uma comunidade judaica de 30.000 indivíduos com 44 sinagogas. Bayezid permitiu que os judeus vivessem nas margens do Corno de Ouro em sua capital. O Egito, especialmente o Cairo, recebeu um grande número de exilados, que logo superaram os judeus moçárabes  pré-existentes que haviam vindo da Ibéria e do Magrebe em épocas anteriores. Gradualmente, o principal centro dos judeus sefarditas tornou-se Salônica, onde os judeus espanhóis logo superaram em número a comunidade judaica pré-existente. 

Na verdade, os judeus sefarditas eclipsaram e absorveram os judeus romaniotas, mudando a cultura e a estrutura das comunidades judaicas no Império Otomano. Nos séculos que se seguiram, os otomanos colheram os benefícios das comunidades judaicas que adotaram. Em troca de judeus contribuírem com seus talentos para o benefício do Império, eles seriam bem recompensados. Em comparação com as leis europeias que restringiam a vida de todos os judeus, esta foi uma oportunidade significativa que atraiu judeus de todo o Mediterrâneo.

Os judeus satisfizeram várias necessidades no Império Otomano: os turcos muçulmanos não se interessavam por empreendimentos comerciais e, portanto, deixaram as ocupações comerciais para membros de religiões minoritárias. Além disso, visto que o Império Otomano estava envolvido em um conflito militar com os cristãos na época, os judeus eram considerados confiáveis, atuado também como diplomatas e espiões na Europa que conheciam tão bem. Também havia judeus que possuíam habilidades especiais em uma ampla variedade de campos dos quais os otomanos se aproveitavam. Isso inclui David & Samuel ibn Nahmias, que fundou uma gráfica em 1493. 

Essa era uma nova tecnologia na época e acelerou a produção de literatura e documentos, especialmente importantes para textos religiosos, bem como documentos burocráticos. Outros especialistas judeus empregados pelo Império incluíam médicos e diplomatas que emigraram de suas terras natais. 

Alguns deles receberam títulos de propriedade por seu trabalho, incluindo Joseph Nasi, que foi nomeado duque de Naxos. 

Embora os otomanos não tratassem os judeus de maneira diferente das outras minorias no país, suas políticas pareciam se alinhar bem com as tradições judaicas, o que permitiu o florescimento das comunidades. O povo judeu foi autorizado a estabelecer suas próprias comunidades autônomas, que incluíam suas próprias escolas e tribunais legais, com seus próprios representantes eletivos no governo.

É relatado que, sob o reinado de Bayezid II, os judeus gozaram de um período de florescimento cultural, com a presença de estudiosos como o talmudista e cientista Mordecai Comtino; o astrônomo e poeta Salomão ben Elijah Sharbiṭ ha-Zahab; Shabbethai ben Malkiel Cohen, e o poeta litúrgico Menahem Tamar. Sob a proteção otomana, o idioma judaico medieval conhecido como ladino foi preservado até os dias de hoje. No Brasil, o apresentador de TV Silvio Santos é descendente de uma das familias judias expulsas da Espanha que foram para o Império Otomano, nomeadamente a do grande rabino Isaque Abravanel, que se estabeleceu em Salônica. 


Tomado de: https://m.facebook.com/historiaislamica

Bibliografia:

-Egger, Vernon O. (2008). A History of the Muslim World Since 1260: The Making of a Global Community. Prentice Hall. p. 82

-The Jewish Encyclopedia: a descriptive record of the history, religion, literature, and customs of the Jewish people from the earliest times to the present day, Vol.2 Isidore Singer, Cyrus Adler, Funk and Wagnalls, 1912 p.460

-B. Lewis, "The Jews of Islam", New York (1984), pp. 135 –136

-"Jewish Community in Ottoman Empire". DailySabah.

-E., Naar, Devin (2016-09-07). Jewish Salonica : between the Ottoman Empire and modern Greece. Stanford, California. I

-"EARLY MODERN JEWISH HISTORY: Overview » 5. Ottoman Empire". jewishhistory.research.wesleyan.edu.

-"The Sephardic Exodus to the Ottoman Empire | My Jewish Learning". My Jewish Learning.

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