terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Qual é a língua mais antiga do mundo?


Imagen relacionada

Qual é a língua mais antiga do mundo?

Será que o português é mais antigo do que o espanhol? E o irlandês — terá sido inventado no século XX? E o galego — apareceu no século XIX? Claro que não, mas há quem diga que sim. Porquê? E, já agora, qual é a língua mais antiga do mundo? Será o basco? Vamos lá a isto…

Entre o irlandês e o galego

As línguas são uma manifestação física da identidade de cada um — é por isso que os idiomas são campo pródigo a palavras inflamadas, corações aos saltos, faces ruborizadas de indignação e dedos a bater depressa na pressa de responder.
Gaston Dorren, autor do livro Lingo (mais do que recomendável!) e do blogue Language Writercontou há meses como se meteu numa discussão de Twitter entre dois irlandeses: um unionista e um republicano… Dizia o unionista que a língua irlandesa era uma invenção do século XX. A coisa aqueceu e o irlandês do Sul disparou: cala-te lá, pá!, que o irlandês é mais antigo do que o inglês!
Também há discussões destas cá mais perto de casa. Ainda há pouco tempo assisti — e meti a colher — numa discussão bem quente entre galegos e um louco dum tuiteiro cá do burgo que insistia nisto: o galego foi inventado no século XIX! Um ou outro galego contrapunha, em modo agarrem-que-me-vou-a-ele, que o galego é mais antigo que o português.
Quem tem razão?
De certa maneira, ninguém — embora se tiver de ir à luta, terei de arregaçar as mangas contra quem acha que o galego foi inventado o mês passado. Ou seja, ninguém tem razão, mas quem diz que o galego foi inventado no século XIX está mais errado do que os outros.
O leitor terá imaginado que a resposta não seria fácil — mas talvez seja uma surpresa perceber a razão da dificuldade…

As línguas não nascem, transformam-se

Andamos por aí com uma certa ideia do que é uma língua que nos leva a compará-la a uma pessoa: nasce, desenvolve-se, às vezes morre. Esta metáfora serve-nos em muitos casos. Mas, noutros, dá origem a ideias um pouco desastradas.
No que toca à origem das línguas latinas, a ideia geral será esta: havia uma língua estabilizada (o latim), que se desfez e deu origem a embriões de outras línguas. Esses embriões acabaram por dar origem a línguas nacionais, muito mais tarde: o português, o espanhol, o francês, etc. — estas línguas desenvolveram-se até aos píncaros das idades de ouro das suas literaturas.
Bem, esta imagem não é completamente falsa — mas engana-nos. Para percebermos isto a fundo, temos de fazer um exercício: temos de esquecer a escrita. Pensemos, para já, apenas na língua falada na rua.
Imagine a época de Afonso Henriques — ou mesmo antes. Imagine aquilo que se falava nas ruas de Guimarães 100 ou 200 anos antes de Portugal ser um reino independente.
Na escrita, o latim imperava. Na fala, será que a linguagem das gentes era pior do que a nossa, ou seja, menos capaz de expressar as emoções ou incapaz de permitir conversas, amores, combinações?
Não parece provável: afinal, ninguém encontrou até hoje uma língua que limite os seus falantes, que impeça de sentir esta ou aquela emoção. Repare na língua que sai da boca dos portugueses de agora: repare na extraordinária variedade e riqueza das palavras com que conversamos, mesmo com quem mal sabe escrever. Sim, eu sei que há quem tenha pouco jeito, mas, em geral, sabemos convencer, discutir, ironizar, brincar, namorar — às vezes, escrevemos um romance inteiro com a mera entoação de voz numa simples frase… Às vezes, insinuamos as maiores patifarias com uma pequena interjeição dita de certa maneira…
Piadas no pátio da escola… Discussões de namorados… Histórias antigas contadas aos netos… Conversas profundas no terraço… Reuniões estratégicas numa empresa… As palavras saem da nossa boca a todo o minuto e servem-nos para tudo e nada.
Esta capacidade de conversar e de viver não diminuiu quando o Império Romano desapareceu.. Nunca houve um momento em que a língua deixasse de ser uma língua inteira na boca de cada falante.
Da mesma forma, os romanos já receberam a sua língua do que vinha antes — e assim continuamos.
Ou seja, não há um momento em que possamos dizer: esta língua nasceu hoje. Em geral, a linguagem é transmitida sem cortes radicais entre gerações.
Como explicou Gaston Dorren na discussão de que falei, o inglês e o irlandês não têm idade. São ambas tão antigas como a linguagem humana.

Então e o basco? Não é mais antigo que o português?

Ora, dirá o leitor mais desconfiado: isso é tudo muito bonito, mas a verdade é que falamos hoje uma língua muito diferente do latim — enquanto, por exemplo, os bascos falam a mesma língua há 7000 anos! Ou seja, o basco é mais antigo que o português… Há mesmo quem diga que é a língua mais antiga do mundo.
Continuemos longe da escrita. Continuemos apenas a pensar no que se fala. Ora, o basco mudou tanto ou mais do que o latim nestes quase 2000 anos que nos separam dos romanos (e o próprio latim nunca tinha parado de mudar durante o Império — já Cícero se queixava da língua das ruas…).
O basco mudou — e dividiu-se, tal como o latim. O basco falado em família tem diferenças tão marcadas como as diferenças entre as várias línguas latinas. Não acredita? Pois veja este vídeo, que mostra como o basco tem uma variedade dialectal que podia perfeitamente ser interpretada como uma família de línguas diferentes.

O basco oficial e ensinado nas escolas é o basco batua, uma norma — um registo escrito e formal e uma linguagem literária — baseada nos dialectos centrais do basco (mas com algumas contribuições dos outros dialectos). Percebe-se que os bascos tenham criado uma língua unificada — seria mais difícil proteger e promover o basco se este fosse uma colecção de línguas incompreensíveis entre si.
Ou seja, o basco não se manteve inalterado e indivisível durante milénios, ao lado de línguas a nascer a partir do latim. No fundo, a situação basca é semelhante ao que aconteceria no universo alternativo em que tentássemos ressuscitar o latim desta forma: institucionalizamos o dialecto francês, mudamos-lhe um pouco o vocabulário e a gramática para o aproximar dos outros dialectos latinos — e chamamos «latim» a essa norma. Em casa, todos falámos durante séculos (neste universo alternativo) qualquer coisa parecida com o português, o espanhol, o italiano — até que, com uma norma institucionalizada, as escolas, a televisão e a urbanização começam a espalhar o novo latim em todo o Novo Império Romano (neste universo alternativo, o sul da Europa unificou-se num só estado). Na Lisboa dos dias de hoje, os avós ainda falam o dialecto da terra (o português do nosso universo). As gerações mais novas, no entanto, já usam o latim (o francês do nosso universo), excepto quando conversam com os avós.
Parece estranho? É estranho. Mas é o que acontece no País Basco — que tem a complicação adicional de haver outra língua em concorrência com este sistema de dialectos incompreensíveis e uma norma comum (chamada, já agora, de euskera batua) — falo do castelhano, claro está.

O grego sobreviveu milénios?

Há também o caso do grego. Mantém o mesmo nome desde a Antiguidade — não é óbvio que é mais antigo do que o português?
Na verdade, um grego de hoje em dia terá tantas ou mais dificuldades em ler um texto em grego antigo do que um português em ler um texto latino.
Houve, na verdade, desde o século XIX até aos Anos 70 do século passado, uma tentativa de aproximar o grego moderno do grego antigo — tentou-se impor uma língua literária artificial com algumas formas clássicas. Essa língua artificial chama-se katharevousa, em contraste com o grego demótico, ou seja, o grego da rua que é hoje oficial.
As lutas foram terríveis — houve mortos! A língua grega tem o seu quê de sagrado para os gregos e o katharevousa ia beber à tendência para mitificar a língua do passado como mais perfeita e genuína (é uma tendência universal).
A norma do grego moderno acabou por se libertar desse peso e, hoje, a língua oficial está mais próxima da língua da rua. Ainda há quem suspire pelo regresso da velha língua, mas a verdade é que o grego não ficou parado na Antiguidade e é muito diferente do grego antigo. Tentar mantê-lo congelado é um esforço inglório, que apenas prejudica os gregos.
Todas as línguas são assim — mudam constantemente. É certo que, por vezes, há cortes um pouco mais marcados. Por exemplo, quando uma população assume como sua a língua de outra população — a língua costuma dar então um salto através duma simplificação acelerada (falei disso neste artigo). Mas, mesmo assim, uma população nunca cria a sua língua do nada — uma língua não nasce: transforma-se. (Curiosamente, não nasce, mas pode morrer.)

Quando nasce uma língua?

Falei do basco e do grego para dizer isto: é quase impossível determinar a idade de uma língua.
Se usamos o critério do nome da língua ou mesmo a permanência no mesmo território, acabaremos por considerar que o grego moderno e o grego antigo são a mesma língua. Não faz muito sentido: as diferenças linguísticas são comparáveis às diferenças entre o latim e o português.
Se acharmos que uma língua nasce no momento em que se separa de outra, deixando de haver compreensão mútua, então teremos de falar de várias línguas bascas — e todas bastante recentes. Já o português, nesse caso, terá surgido quando se separou, por exemplo, do galego — e quando foi isso? Já aconteceu?
As línguas são como aquelas bactérias que se multiplicam através da divisão: surgem novas bactérias, é certo, mas nenhuma é mais antiga do que a outra — nenhuma é mãe da outra. As línguas são um bicho esquisito.
Alguém dirá: ora, a língua nasce quando nascem os primeiros documentos escritos. É um critério apetitoso — é concreto, é físico, podemos comprovar a data. Mas, se assim for, a maioria das línguas humanas nunca chegou a nascer.
No fundo, o ponto em que começamos a contar a História de uma língua é sempre uma escolha, tem sempre muito de arbitrário.

Viagem ao princípio da língua

Tudo isto pode ser assim, mas o que importa a muitos é a norma associada à língua escrita — e formal, já agora —, ou seja, o registo particular baseado na fala de determinada zona ou grupo social, normalmente o grupo de prestígio que habita nas cidades mais importantes de cada sociedade.
Por outras palavras, quando perguntamos a idade duma língua, estamos a perguntar a idade da tradição escrita e literária dessa língua. Nesse ponto, podemos ter algumas datas: a data em que o português se tornou oficial; a data em que o galego começou a ser usado na literatura; a data em que o irlandês ganhou uma norma escrita…
É esta associação entre língua e norma escrita que justifica que alguém considere o irlandês uma língua recente — os irlandeses já o falam há milénios, mas a sua norma escrita actual é mais recente — no entanto, esta maneira de encarar a história é muito enganadora: os irlandeses falam essa língua há muito tempo, apesar de agora já só sobreviver em zonas particulares.
Essa associação estrita (e errada) entre língua e escrita também explica que haja quem considere o galego uma «invenção» do século XIX: a literatura galega moderna renasce nesse século — mas mesmo assim, para dizer que o galego nasceu no século XIX, é preciso ignorar que já tinha havido textos bem mais antigos escritos na língua dos galegos.
A mim, na verdade, interessa-me a história do uso escrito das línguas, mas há tanto que se esconde por trás — tanto e tão interessante!
Gosto de pensar como o português não surgiu do nada quando surgem os primeiros documentos — mesmo que seja muito difícil ter certezas sobre o que se passou antes.
Gosto de pensar que a palavra «mãe» veio da «mater» latina, mas entre uma e outra existiram muitas formas pelos séculos fora, todas tão expressivas e maternais como a nossa.
Gosto de pensar que a «mater» latina veio de qualquer coisa de anterior, até chegar à «*méh₂tēr» indo-europeia, uma forma reconstruída duma língua que ninguém escreveu.
Gosto de pensar que os tais indo-europeus nunca se chamaram assim e nunca escreveram a palavra «*méh₂tēr» — mas fosse qual fosse a forma da palavra «mãe», existiu na boca de pessoas reais que percebiam e sentiam a sua língua como nós sentimos a nossa.
E gosto de pensar que essa «*méh₂tēr» também terá vindo doutra «mãe» mais antiga, assim até chegarmos ao dia em que alguém, pela primeira vez, disse a palavra «mãe» (mas sobre isso falaremos noutro artigo).

A língua e o barro

A linguagem humana e a sua variabilidade será como o barro, sempre moldável e sempre a caminho de ser outra coisa. De vez em quando, há quem pegue num pedaço desse barro e coza uma língua-padrão — mas, na rua, as pessoas continuam a brincar com o mesmo material, mudando a forma da língua até a forma rígida da norma se partir e ter de ser substituída por outra (felizmente, a norma não tem de ser assim tão rígida; e é bom que não o seja, pois só assim garantimos que não se parte, como aconteceu com o katharevousa).
Note-se: a norma não pode inventar uma língua do nada — tem de usar os materiais que existem. A norma é uma força que actua sobre esses materiais, por vezes como política consciente, com mais ou menos êxito, outras vezes através de mecanismos inconscientes de aproximação à fala do grupo de prestígio. Houve gregos que tentaram moldar o barro para se parecer ao grego antigo — falharam, embora algumas palavras dessa norma artificial tenham sobrevivido. Os bascos ensinam agora uma língua unificada e esse processo tem corrido bem. Curiosamente, a língua dos galegos e dos portugueses viveu séculos debaixo de normas diferentes, mas o material comum ainda lá está, a permitir que nos entendamos, quando vemos quão parecido é o barro dum lado e doutro da fronteira.
Bem, voltemos à nossa pergunta: qual é a língua mais antiga do mundo? A única resposta razoável é explicar que as línguas não têm idade, como diz Gaston Dorren. As línguas mudam, passam por fases, vão-se sujeitando a diferentes normas, misturam-se e influenciam-se umas às outras. Neste percurso complexo, damos-lhes nomes e assumimo-los como bandeiras das nossas identidades. Por isso, é normal que queiramos saber quando nasceram as tais bandeiras.
É normal, da mesma forma, que um português queira saber se o espanhol é uma língua mais antiga do que a sua — mas a resposta, mais uma vez, só pode ser esta: nenhuma delas nasceu, apenas se foi moldando ao longo dos séculos, a partir de materiais anteriores, num processo que começou há muitos milénios — e não acabou!
A língua que o leitor tem na cabeça tem pergaminhos tão antigos como a língua de todos os outros seres humanos. Todos falamos o que resultou da sucessão ininterrupta de gente a falar desde o princípio dos tempos — e assim continuaremos, de palavras na boca, a moldá-las sem fim, por muitos e bons séculos.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

La soberbia y la quinta pata del gato

Nenhuma descrição de foto disponível.

La soberbia y la quinta pata del gato

En Brasil dicen que lo que llamamos "súper-ego" es el argentinito que todos llevamos dentro. ¿Será verdad?
Los que no somos porteños (ojo, amigos brasileños: porteño, de "puerto", no es sinónimo de "argentino", como a Folha e a Globo às vezes parecem pensar) nos defendemos diciendo que los pedantes son los porteños, no nosotros, los del interior, que somos tan simpáticos -o un poco más- que los hermanos de la "vecina orilla", el Uruguay.

Pero es que hay más. Cuenta la historia, en sus entretelones, que los ejércitos de Belgrano en Paraguay y Bolivia, igual que los de San Martín, en Chile y Perú, dejaron una cierta mala impresión, a pesar de sus hechos revolucionarios.  Y desde entonces parece que el desencuentro no se arregla: los porteños eran "mandones" a los ojos de los otros, porque de hecho mandaban, y por lo tanto, arrogantes y metidos. 
Es que, bien o mal, eran oficiales de un ejército en formación y en pleno combate por la independencia del continente, y por más campechanos que fueran -San Martín y Belgrano tienen buena fama entre nosotros, los argentinos, claro- la impresión era la misma de siempre. 
Y así quedó. 

En el siglo XX, además, el famoso acento italiano agregado, más la manera de hablar alto y gesticulando, todo eso hizo que los otros pueblos se imaginaran al argentino como un "español que habla italiano y piensa que es inglés"...algo que no pasa de una tontería sin tamaño que hace 40 años trato de explicar a mis nuevos compatriotas de la Patria Tropical; pero nada, aun con una "vanguardia" paulistana consumista al extremo, y casi mal vista en el resto de Brasil, aun así el argentino sigue pareciendo un pedante. Paciencia. 
Ya hubo centenas que me dijeron, como un elogio: "você não parece argentino", ¿Ah, sí? les respondo en cada caso. ¿Conoce Ud. a muchos argentinos? Y no, no conocen a muchos, pero el prejuicio es grande. Fazer o que? Paciencia, otra vez.

JV. 2020

  • Lucho Barros Yo me siento obligado a defender a esa porcion rioplatense, porque aunque haya nacido en tierras de la Mona Gimenez, el Fernet con Coca y del potro Rodrigo, me crié viajando entre la reina del plata y la pauliceia desvairada, y soy la prueba viva de que el porteñito es casi un personaje folclórico, un Isidorito Cañones pintoresco e ingenuo en su pequeno mambo narcisista, que, reconozcamos, todos tenemos derecho a tenerlo (y tenemos). Y otra cosa, por lo general el brasilero que va a Bs As predispuesto a encontrarle la quinta pata al gato por lo general vuelve frustrado por no tener qué criticar. Y bue..

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Pacificación de la Araucanía y Campaña del Desierto

A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé


Pacificación de la Araucanía y
Campaña del Desierto


Se atacam o Papa Pancho e os Mapuche, adivinha qual é o lado certo? O do Pancho e os Mapuche, é claro!
Em 1885 (8 anos depois de finalizado o despejo dos nativos das suas terras ancestrais - Tehuelches, Pampas, Querandies e Mapuches, sem distinção), foi sancionada a ley 1628 de "premios militares” que permitiu que quase 2 milhões e meio de hectares em Río Negro, La Pampa e Chubut ficassem nas mãos de pouco mais de 500 donos, que compraram milhares de prêmios militares a preço vil. (JV)


"A fines del siglo XIX, tanto el ejército chileno como el argentino llevaron a cabo sendas operaciones militares denominadas “.
” del otro lado de la Cordillera de los Andes y “Campaña del Desierto” en el territorio nacional, luego de las cuales comenzaron a consolidar las fronteras de ambos países con el denominador común del genocidio de los pueblos originarios asentados en esas tierras desde hace miles de años.

A medida que se producía el avance de los ejércitos, los grupos de linaje mapuche se movilizaban hacia ambos lados de la Cordillera, tanto en Chile como en Argentina. Esto fue utilizado por los sectores hegemónicos de ambos países para negar a los grupos mapuches la nacionalidad y la ciudadanía, argentina o chilena, lo que redundó en discriminación y maltrato, y sobre todo el derecho a la posesión de la tierra que es el real centro del conflicto.

En la Argentina, una vez conquistada la Pampa y la Patagonia, por la ley 1532 de 1884, se organizó a la región en Territorios Nacionales bajo el poder del Estado Nacional, con gobernadores a cargo. Pero lo concerniente a las condiciones para ocupar la tierra fiscal se delegó en la Oficina de Tierras y Colonias.

En 1885, se sancionó la ley 1628 de ¨premios militares” que permitió que casi 2 millones y medio de hectáreas en Río Negro, La Pampa y Chubut quedaran en manos de poco más de 500 dueños, luego de que compraran miles de premios militares a precio vil.

Entre la mitad de 1880 y toda la década de 1890, el Estado realizó remates públicos de tierras fiscales en fracciones de entre 2.500 y 40.000 hectáreas con la obligación de poblar e invertir un capital. La gran parte de este territorio fue comprado por terratenientes porteños que luego las vendieron, en general, a empresas de capitales chilenos y británicos.

Susana Bandieri, en su investigación “La distribución de la tierra pública en la Patagonia” sostiene que muchas de las tierras cordilleranas y precordilleranas más valiosas quedaron en manos de un conjunto de empresas que invirtieron fuertemente en la Patagonia. La Argentine Southern Land Company se formó en 1889, y adquirió 585.000 hectáreas en la meseta y precordillera de Río Negro y Chubut, desde Maquinchao hasta Leleque y Tecka. Pero no colonizó sus tierras, sino que las dedicó a la producción de vacunos y ovinos, y estableció almacenes de ramos generales con los que obtuvo fuertes ganancias con los pobladores rurales.

A partir de 1975, y debido a la baja de los precios internacionales de la lana, comenzó a vender sus tierras, hasta que la empresa textil italiana Benetton adquirió la mayor parte en 1991 y es con la que la comunidad mapuche está en litigio."

http://presentedelahistoria.com/los-mapuches-son-chilenos-y-exterminaron-a-los-tehuelches/

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Las trece rosas revolucionarias

A imagem pode conter: 13 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé


Las 13 rosas

Todas estas mujeres murieron defendiendo la libertad. Por ello, sentimos el deber de recordarlas, pues aunque pasen los años, seguirán en nuestros corazones como un ejemplo de vida de lucha.

Carmen Barrero Aguado. 20 años
Martina Barroso García. 24 años
Blanca Brisac Vázquez. 29 años
Pilar Bueno Ibáñez. 27 años
Julia Conesa Conesa. 19 años
Adelina García Casillas. 19 años
Elena Gil Olaya. 20 años
Virtudes González García. 18 años
Ana López Gallego. 21 años
Joaquina López Laffite. 23 años
Dionisia Manzanero Salas. 20 años
Victoria Muñoz García. 18 años
Luisa Rodríguez de la Fuente. 18 años

Trece jóvenes militantes de las JSU (Juventudes Socialistas Unificadas), fueron detenidas un mes después de terminar la Guerra Civil Española.
El 3 de agosto de 1939 fueron juzgadas sumarísimamente, a puerta cerrada, acusadas de pertenecer a las JSU y de repartir pasquines poco antes de la entrada de las tropas franquistas en Madrid, en marzo del mismo año. Se les condenó a morir en un plazo de setenta y dos horas; antes de cumplirse el plazo, el 5 de agosto, fueron fusiladas. Tenían entre 16 y 29 años. En aquellos días la mayoría de edad estaba fijada a los 21 años, siete de las trece eran menores. Desde entonces, se les conoce como las Trece Rosas.

Habían pedido morir junto a otros compañeros que iban a ser fusilados ese día, pero sus verdugos no accedieron a concederles ese último deseo.
Las jóvenes, dando prueba de una serenidad admirable, distribuyeron sus pertenencias entre las reclusas, tuvieron el valor de lavarse y peinarse, se pusieron sus más bonitos vestidos y esperaron con firmeza y sangre fría que vinieran a conducirlas a la capilla. Ya en capilla, les autorizaron a escribir una carta a sus familiares, y cada cual empezó a componer aquel recuerdo que hablaría de la monstruosa injusticia cometida.

Consolaron a las otras reclusas que lloraban, asegurando que se sentían felices de dar su vida por una causa justa. Cuando vinieron sus verdugos las trece salieron gritando: "¡Viva la República!".


http://www.youtube.com/watch?v=l_LtZpV4etQ

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Cuando 12.000 sin papeles españoles llegaron a la próspera Venezuela de los años 50

Hace+65+a%C3%B1os+12.000+espa%C3%B1oles+se+lanzaron+al+mar+y+llegaron+a+Venezuela+%2F+Foto%3A+Pinterest

Cuando 12.000 sin papeles españoles llegaron a la próspera Venezuela de los años 50

Tomado de 
Tania Bernuy

Algumas semanas atrás chorava pela derrota, o exílio e a morte de Bolívar. Lutador pela independência, jacobino Libertador de meia América do Sul.
Hoje me emocionei com Vientos de agua, filme argentino-espanhol, que conta a saga de um imigrante asturiano que foge para a Argentina nos anos 30, pouco antes do estouro da Guerra Civil.

Instalado na Argentina, já em 2001, em plena crise, seu filho caçula decide fazer o caminho de volta a Astúrias.
Filme emocionante para todos os que, de um modo ou outro vivemos o exílio e a emigração. (JV)



"Conventillo. 1934. Andrés Olaya, Juliusz y Gemma acaban de llegar a la Argentina luego de un interminable viaje en barco. Escaparon de España, Rusia e Italia, respectivamente. No tienen educación ni oficio. Apenas hablan español. Son jóvenes. Sueñan con empezar una nueva vida.
Departamento viejo y malgastado de Madrid. 2001. Sin trabajo y aplastado por la crisis, Ernesto Olaya no aguantó más y viajó a España. Es arquitecto, pero su título no sirve de nada porque es ilegal. Dejó a su familia con la necesidad de ganar dinero y volver a sentirse útil. Tiene unos 45 años. Su vida también toma un rumbo distinto.
Vientos de agua es una serie que habla de los que vienen, los que van y los que se fueron. Creada por Juan José Campanella, cuenta la historia de inmigración de la familia Olaya. El padre que llega a la Argentina y el hijo que deja la Argentina. Plantea en el relato dos historias con el mismo foco pero en diferentes épocas: la lucha por sobrevivir y salir adelante en un país ajeno. El desarraigo y las dificultades por sentir como propia una tierra ajena."

E hoje vejo este texto postado pela amiga 
Tania Bernuy:


Cuando 12.000 sin papeles españoles llegaron a la próspera Venezuela de los años 50

Por David Placer | Sábado 22 de diciembre de 2018. ALN-KonZapata
Más de 120 barcos canarios ilegales cruzaron el Atlántico entre 1948 y 1952 en búsqueda de una vida más próspera. Los últimos supervivientes relatan un viaje lleno de penurias, sin agua ni comida y a merced de los temporales. Debían pasar la cuarentena en La Orchila, pero en pocos meses ganaban “fortunas” y se adaptaban con gran facilidad al país donde “todo era demasiado barato”.

Es la misma historia pero contada en dirección contraria. Sucedió hace 65 años cuando los españoles se lanzaron al mar, aprovechando los alisios, los mismos vientos que ayudaron a Colón, para alcanzar una mejor vida. Bordeaban la costa africana hasta Cabo Verde y de allí se internaban en el océano hasta llegar a Venezuela. Casi siempre a La Guaira y Carúpano, aunque también llegaron a Margarita y a Trinidad. Era un mes de viaje que costaba unas 5.000 pesetas, una fortuna para la época. Sabían que pasarían trabajo, que casi siempre era suficiente para todos y que probablemente serían detenidos por la policía venezolana al llegar a tierra firme.

Pero el riesgo valía la pena. La dictadura de Francisco Franco en España atravesaba su peor momento y en Canarias no había trabajo, ni mucho menos dinero. Muchas familias vivían del autocultivo y también llegaron a pasar hambre. Ajena a esa realidad de profunda depresión y miseria, Venezuela era entonces un país en el que la prosperidad estaba garantizada. Lo decían los primos, lo repetían los vecinos en las siete islas canarias. Apenas con un mes de trabajo, podían recuperar las 5.000 pesetas que debían pagar por el pasaje. El bolívar entonces tenía una cotización casi paritaria con el dólar estadounidense y la economía gozaba de un crecimiento interanual del 10%.
Hace 65 años 12.000 españoles se lanzaron al mar, aprovechando los alisios, los mismos vientos que ayudaron a Colón, para alcanzar una mejor vida
Venezuela no era otra cosa que la tierra prometida y por eso los marineros y pescadores de las islas comenzaron a ver negocio en la organización de los viajes transoceánicos con hasta 200 personas a bordo de motoveleros. Los viajeros embarcaban con comida y agua calculada para 30 días. Casi todos llevaban sólo una pequeña maleta. Después de más de un mes de travesía, durante la cual muchos de ellos llegaron a afrontar peligrosos temporales, llegaban a Venezuela, la tierra de la que todos hablaban en Canarias, el país desde donde los emigrados enviaban grandes cantidades de dinero a sus familias.
El Gobierno venezolano entendió las ventajas de la mano de obra española, dispuesta a trabajar en los campos en los que no querían operar los campesinos nacionales. Por ello, firmó un convenio con el Gobierno del dictador Francisco Franco para permitir la inmigración legal a partir de 1952. Pero hasta esa fecha, la clandestinidad era el único camino para alcanzar tierra venezolana. Fueron más de 120 barcos los detenidos. En Canarias se calcula que, por todas las vías, más de 12.000 canarios llegaron sin papeles a Venezuela.

“Venían por los pueblos. Iban diciendo: pasaje a Venezuela por 5.000 pesetas. Allá consigues trabajo fácil y ya empiezas a mandar dinero rápido”, nos cuenta José Hernández, un canario que partió de La Gomera el 9 de agosto de 1950 en el barco El Telémaco hacia Caracas en conversación telefónica hace un par de años. José, con sólo 17 años, viajó con su padre y otros 169 inmigrantes. “Mi padre vendió una finca buena que tenía. Le pagaron 10.000 pesetas. Y dio 5.000 por su pasaje y 4.500 por el mío”, recordaba José, el más joven de los tripulantes de El Telémaco, en diciembre pasado, en Los Teques, donde vivió gran parte de su vida.

Una dura travesía


Santiago Jerez, patrón del barco, aceptó llevarlo a Venezuela a pesar de no haber surcado nunca el océano. Se guiaba por su instinto y por las pobres indicaciones que recibía de pescadores que ya habían hecho la misma travesía.
Su sobrina, Teresa García, era la única mujer entre 170 hombres. A los 10 días de haber emprendido el viaje, una noche, una tormenta sorprendió a la tripulación. Teresa, también en conversación telefónica desde Caracas, cuenta la gran aventura de su vida a la que se sumó muy joven, poco consciente de los peligros que conllevaba cruzar el océano con tan escasos recursos. Pensaba que el viaje era mucho más corto y que se lo pasaría bien. Era la gran ingenuidad de quienes abordaron El Telémaco con muchas esperanzas y casi sin miedo.
Después de más de un mes de travesía, llegaban a Venezuela, la tierra de la que todos hablaban en Canarias, el país desde donde los emigrados enviaban grandes cantidades de dinero a sus familias.

“Esa noche nos sorprendió una marea muy brava. Entraba agua por las escaleras. Con el temporal, no se podía ni ver la proa del barco. La gente se tuvo que refugiar en los camarotes. Las olas eran tan grandes que casi se llevaron a Cristóbal Suárez, que manejaba el barco, porque el timón estaba al aire libre. Los tripulantes tuvieron que amarrarlo para que el mar no se lo llevara mientras domaba ese barco”, recuerda Teresa desde su residencia en Caracas.
La tripulación había llevado carne, patatas, arroz, garbanzos, gofio y bidones de agua dulce, pero casi nada sobrevivió al temporal. Entonces, el racionamiento que sufrían los tripulantes se hizo aún mayor. Uno de los viajeros de El Telémaco, Manuel Navarro, que años más tarde obtendría gran reconocimiento en La Gomera por el relato de su aventura, escribió unas décimas que recitaba de memoria durante muchos veranos a sus paisanos interesados por aquella aventura:

“Seis patatas, no muy buenas,
eran y no bien contadas,
la comida destinada
para el almuerzo y la cena,
dejando profunda pena
cuando fueron terminadas;
pero en la desesperada,
comimos sin poner freno
gofio de gusanos lleno
y platos de agua salada”.

Después de la tormenta, adquirió tintes de tragedia. Los tripulantes comenzaban a enfermar y muchos de los viajeros comenzaban a tener diarreas y a vomitar sangre. Eran las consecuencias de la mala alimentación y la hidratación con agua salada.
Cuando la situación comenzaba a ser trágica, El Telémaco vio la salvación. En medio de la ruta, coincidió con un petrolero que provenía de Venezuela. Hicieron señales de auxilio y gritaron por ayuda hasta captar la atención de la embarcación que les salvó la vida. Les regalaron varias garrafas de agua. Sabía a agua limpia, pura, no como la que traían de Canarias que sabía a gasolina porque los bidones no habían sido bien lavados. Los tripulantes del carguero le indicaron al patrón, perdido y desorientado, la ruta hacia las Antillas. En pocos días llegaron a Martinica, donde los locales, sorprendidos por la aventura de aquellos españoles famélicos, acudieron en su ayuda. “Aquellos negros nos salvaron la vida. Se corrió la voz de que andábamos casi sin rumbo y que escapábamos de la miseria en España y llegó media isla a ayudarnos y a llenarnos de comida, de fruta y de agua”, recuerda Teresa desde Caracas.

Ahora son sus hijos y nietos quienes se marchan en busca de libertad y prosperidad / EFE: Mauricio Dueñas Castañeda
El final del viaje ya parecía garantizado, y El Telémaco surcó un mar mucho más calmado hasta llegar a La Guaira. Allí, como ya muchos esperaban, los tripulantes fueron detenidos. Los acusaron de tráfico ilegal de personas mientras que la mayoría de los pasajeros fueron puestos en cuarentena en la isla de La Orchila.
El gobierno del dictador Marcos Pérez Jiménez se quería cerciorar de que ninguno de los famélicos inmigrantes portara alguna enfermedad contagiosa. La prensa trababa las noticias en portada, “5 mil pesetas por venir a Venezuela pagaron 112 españoles a una organización fantasma”, publicaba El Nacional el 10 de enero de 1950 y “Con la libertad por brújula, popa a Franco y rumbo a Venezuela”, titulaba el mismo diario el 8 de septiembre de 1948.

Venezuela, “la octava isla”

Pasado el período crítico, todo resultaba muy sencillo en la Venezuela de aquellos días. “A mí todo me parecía baratísimo para la cantidad de dinero que se ganaba. El país era inmensamente rico. Yo ahorré en muy poco tiempo 10.000 bolívares, que eran casi 200.000 pesetas, una fortuna en España”, cuenta Teresa. Una fortuna con la que su compañero de viaje José podía comprar 20 fincas en La Gomera.

Ahora sus hijos y nietos son quienes se marchan huyendo de las colas, la escasez y la inseguridad. En el fondo, es la misma búsqueda: de la libertad y la prosperidad que también perseguían sus abuelos
Algunos viajeros de aquellos barcos regresaron a su tierra después de haber acumulado una buena cantidad de ahorros. A la vuelta, lograron construir una admiración colectiva en las Islas Canarias y si alguno regresaba tenía que recorrer todas las casas para contar la aventura. Eran los días en que Venezuela fue bautizada como “la octava isla”.
Pero muchos otros como José Hernández y Teresa García, decidieron afincarse en Venezuela, formar sus familias y sus nuevas vidas. Fueron conquistados por aquella tierra moderna, en pleno desarrollo, y llena de gente amable, un país que, 65 años después, ya pocos reconocen. Ahora sus hijos y nietos son quienes se marchan huyendo de las colas, la escasez y la inseguridad. En el fondo, es la misma búsqueda: de la libertad y la prosperidad que también perseguían sus abuelos. Ellos forman parte de la nueva generación que regresa a sus orígenes para recordar que la vida también es un viaje de ida y vuelta.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

La Primera Guerra del Opio

Resultado de imagen para primera guerra del opio en china

La Primera Guerra del Opio fue un conflicto armado entre el Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda contra China entre 1839 y 1842, por diferencias sobre el comercio con opio de los británicos en la China continental. El Reino Unido buscaba la apertura del tráfico de opio, mientras que el gobierno imperial de la China intentaba prohibirlo, con una política proteccionista y nacionalista, la misma que el R.U. practicaba con sus productos. (JV)

La Primera Guerra del Opio
Por Juan Carlos Castañeda Pérez

La Primera Guerra del Opio enfrentó a la Gran Bretaña y el Imperio chino por motivos comerciales. Esta guerra significó el fin de la hegemonía china en el lejano Oriente, que pasó de un imperio respetado a una nación asediada por las naciones occidentales que deseaban expandir su área de influencia en Asia.

Antes del conflicto, el Imperio chino era uno de los principales poderes del lejano Oriente. Por su parte, la Gran Bretaña se alzó como uno de los principales poderes de Europa tras la caída del Imperio napoleónico y las revoluciones industriales que modernizaron al continente también conocido como el Viejo Mundo.

La Primera Guerra del Opio

Pese a que los europeos ya tenían presencia en el Sudeste Asiático desde la Era de los Descubrimientos (del siglo XV al siglo XVII), esta comenzó a incrementarse a causa de las necesidades comerciales del viejo continente. En el caso de China, comenzaron a hacer sentir su presencia a causa de la presión ejercida para introducir sus productos comerciales, al mismo tiempo que buscaban hacerse con bienes propios del Imperio, como seda, porcelana y té. Como respuesta, la dinastía china de los manchú (1644-1912) decidió endurecer su política de aislamiento, lo que provocó que los beneficios comerciales para los europeos se vieran profundamente mermados.

Aunque el uso del opio como medicamento era conocido en el Imperio chino, su uso estaba prohibido desde 1729 por sus efectos adictivos, lo que hizo que comerciantes británicos vieran en él un producto viable que compensara sus pérdidas. Bajo su auspicio, esta droga dio origen a un lucrativo mercado negro que, para 1836, generaba millones de libras y millones de adictos y muertos.

Frente a esta situación, el emperador Daoguang (1782-1850) decretó nuevas leyes contra el comercio de opio, mientras que sus consejeros llegaron incluso a proponer la ejecución inmediata de todos los consumidores de esta droga en un intento por eliminar de raíz el problema. Otra medida que se tomó fue la creación de un Comité para la Supresión del Opio, investido con poderes suficientes para arrestar a cualquiera que estuviese relacionado con su contrabando, lo que afectó a más de un ciudadano británico.

Como consecuencia, Charles Elliot, agente del gobierno británico, partió al puerto de Hong Kong, esperando entrevistarse ahí con los funcionarios chinos; no obstante, estos se negaron a permitirle desembarcar, por lo que abrió fuego contra el escuadrón chino que le cerraba el paso. En respuesta a este ataque, flotillas chinas interceptaron a Elliot que se vio obligado a combatirles en la batalla de Chuenpei (1839), que se saldó con el hundimiento de cuatro barcos chinos. Tras esta victoria, la armada inglesa alcanzó la isla de Chusan en 1841, que fue tomada luego de un intenso cañoneo.

Asegurado el control de la isla, Elliot envió una carta al emperador para darle a conocer sus exigencias, entre las que figuraban colocar una isla entera bajo jurisdicción inglesa, abrir más puertos chinos al comercio y pagar una indemnización al gobierno británico. Aunque el emperador ordenó a su consejero, Ch’i-shan, iniciar pláticas con la Gran Bretaña, las negociaciones se vieron comprometidas desde el principio, pues los ataques occidentales habían incendiado los ánimos entre las altas esferas del gobierno chino, que rápidamente se dividió entre los que apoyaban la paz y los que se pronunciaban a favor de exterminar a todos los extranjeros en la región.

Descartada una solución pacífica, el emperador, ordenó la creación de una armada de exterminación, con el único propósito de acabar con el enemigo británico. Bajo el mando de su sobrino, I-shan, la armada de exterminación se enfrentó por primera vez a los occidentales el 21 de mayo de 1841. En esta batalla, librada frente a Canton, la armada británica le infligió una severa derrota al Imperio chino, que perdió 71 barcos y la propia Canton, que debió rendirse para evitar la destrucción total.
 
En un último intento por contenerles, los chinos reunieron los restos de su armada en Chen-hai, y se prepararon para ofrecer batalla ahí. Esta tentativa de resistencia desembocaría de nuevo en fracaso, en gran parte debido a que, en vísperas de la lucha, las tropas chinas se dedicaron a consumir opio.

La derrota de Chen-hai supuso el inició de nuevas negociaciones de culminaron el 29 de agosto de 1842 con la firma del Tratado de Nanking, con el que el Imperio se comprometió a indemnizar a los británicos afectados durante la guerra y a abrir más puertos al comercio internacional, además implantar consulados ingleses en todos los puertos. No obstante, uno de los puntos más destacados fue la cesión de Hong Kong a Gran Bretaña, control que permaneció efectivo hasta finales del siglo XX.

Al concluir la Primera Guerra del Opio, quedó claro que las pretensiones chinas de superioridad frente a los extranjeros estaban lejos de ser reales. Con su derrota, el Imperio no solo quedó expuesto a los efectos del opio, también a las demandas de otras potencias occidentales que no fue capaz de negociar efectivamente. A consecuencia de esto, en 1850 estallaría una segunda guerra del opio, que se saldaría con una nueva derrota china, cuyo gobierno no tendría más remedio que legalizar el tráfico de opio en toda la nación y permitir el ingreso de extranjeros hacia el interior de su territorio.
 
Autor: Juan Carlos Castañeda Pérez para www.revistadehistoria.es

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Porque querem os galegos ver televisão portuguesa?



A língua portuguesa, última flor do Lácio, na realidade é a floração mais frondosa do antigo Luso-galego. Ou seja, galegos de hoje, prisioneiros e reféns linguísticos da vela Espanha do tirano Franco, são irmãos mais velhos dos portugueses.
O amigo Marco neves, de Portugal, sempre com crônicas saborosas e estudos apurados, nos presenteia com mais este texto falando de uma e outra língua, e de ambas. (JV) 

Porque querem os galegos ver televisão portuguesa?

Não é de agora. Em 2014, todos os partidos do Parlamento da Galiza aprovaram uma lei que incentivava o ensino do português e a recepção das televisões portuguesas na Galiza. Porquê?
Nas complicadas negociações para a formação do novo governo espanhol, um dos vários acordos assinados tem uma cláusula curiosa: o BNG (partido galego) exigiu, em troca do seu voto a favor de Pedro Sánchez, que as televisões portuguesas começassem a ser transmitidas na Galiza. Este pedido não é novidade: a transmissão das nossas televisões lá por cima está prevista na Lei Paz-Andrade (em galego: «Lei nº 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonia»), aprovada em 2014 pelo Parlamento da Galiza — por unanimidade! Todos os partidos, da esquerda à direita, concordaram: querem ver televisão portuguesa na Galiza e querem o ensino do português nas escolas galegas. O certo é que a lei não teve muitos efeitos — o que o acordo assinado pelo BNG e o PSOE prevê é a aplicação das normas já aprovadas (o acordo prevê, na sua versão em galego, «facilitar a execución dos acordos do Congreso e do Parlamento galego para a recepción en Galicia das radios e televisións portuguesas»).
Talvez estes pedidos surpreendam muitos portugueses. Mas são naturais. O galego e o português estão tão próximos que, na Galiza, há uma antiga discussão sobre se são ou não a mesma língua. Sejam ou não, o certo é que um galego compreende um português sem grandes dificuldades (principalmente, diga-se, se o português falar um sotaque do Norte). Incentivar o ensino do português e a transmissão das nossas televisões na Galiza permite aos galegos aproveitar a sua própria língua para comunicar com todos os falantes de português, que ainda são uns quantos.
Para nós, é uma surpresa. Mas não devia ser: a nossa língua tem origem no que já se falava no noroeste da Península no momento em que Afonso Henriques se tornou rei de Portugal. Era uma língua que não se chamava português (os falantes chamar-lhe-iam «linguagem») e que se falava no que é hoje a Galiza e o Norte de Portugal.
Se andarmos uns quantos séculos para a frente e chegarmos aos anos 80 do século XX, o que vemos? Em Portugal, a língua é chamada, há séculos, português e é a língua nacional e oficial para lá de qualquer dúvida (além de ser falada noutros países). Na Galiza, a população continua a falar uma língua que descende da língua que já era falada na época de Afonso Henriques, mas o castelhano foi usado como língua oficial durante séculos. Entre o que se fala em Portugal e a Galiza há, agora, tanto tempo depois, várias diferenças, tanto na fonética, como no vocabulário. Mas o mais extraordinário, tendo em conta o tempo que passou desde que apareceu a nossa fronteira a norte (uma das fronteiras mais antigas do mundo!), é a proximidade entre o que se fala na Galiza e em Portugal.
Pois bem, quando a Galiza ganha autonomia, nos anos 80, a língua torna-se oficial, em conjunto com o castelhano. Perante a proximidade entre galego e português, revelaram-se duas tendências: uma delas assume o galego como uma língua separada do português, defendendo uma ortografia com «ñ» e «ll». Outra tendência defende que o galego deve procurar integrar-se no mundo de língua portuguesa, defendendo uma ortografia com «nh» e «lh». A questão, claro, é mais complexa: há também questões vocabulares e sintácticas (e muitas divisões dentro de cada tendência).
Nos anos 80, ganhou a tendência do «ñ» e do «ll» e é essa a ortografia oficial, usada pelo governo da região, presente nas placas das ruas, ensinada nas escolas. A outra tendência (chamada «reintegracionista») não desapareceu e ainda hoje está activa em muitos meios galegos. Nos últimos tempos, parece haver uma aproximação entre os dois campos. A Real Academia Galega, que defende a ortografia oficial, escolheu Ricardo Carvalho Calero, escritor e académico galego falecido em 1990, o grande nome do reintegracionismo, como nome a homenagear no Dia das Letras Galegas de 2020 — na Galiza, esta é uma honra como poucas. Deixo um vídeo em que, nos anos 80, Carvalho Calero discute «o porvir da língua». É fácil ver como as palavras que Carvalho Calero estão muito próximas das nossas palavras. Basta reparar que diz «a língua» e não «la lengua»…
Para nós, em Portugal, as discussões entre galegos são difíceis de acompanhar. Para muitos portugueses, a dificuldade começa em ouvir o galego. Não só ouvimos muito castelhano quando vamos à Galiza (nas últimas quatro décadas, o uso do galego diminuiu de forma marcada, principalmente nas cidades), como sentimos a estranheza da fonética bastante diferente da nossa. Mas não há que enganar: se não estamos perante a nossa língua, estamos perante a mais próxima das línguas. Tão próxima que há muitos galegos que querem ouvir as nossas televisões… É um espanto — que ainda se torna maior se pensarmos que até a saudade é (também) galega! Sim, também os galegos se afadigaram a discutir a saudade como sentimento muito seu, propalando a sua mítica intraduzibilidade. Enfim, seja ou não intraduzível, o certo é que a palavra existe: em português — e em galego!
(Crónica publicada no Sapo 24.)