terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Estranha geração.


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Uma estranha geração 
Tenho uma ineludível (significa que não posso eludir ou fugir da) tendência a copiar, reproduzir - e dar o crédito, claro-, a toda imagem, texto e até àquela pessoa por via de quem essas tentações chegam a mim pelas redes sociais, seja FB ou gmail, que são as únicas que frequento, além deste Blog, negando-me até a usar o whatsapp.
E no caso desta imagem -cuja fonte e autor não veio junto, mas que suponho que seja do Steve Cutts *-, confesso meu querido diário que foi irresistível a vontade de possuí-la, e levar junto o texto.

Mas, como de quem veio é o meu neto mais velho (um dois, porque são irmãos gêmeos), preciso dizer a eles que não se assustem meninos, vocês começaram a correr agora e a saber como é o estresse que já viram antes nas correrias do pai e da mãe -e até do avô, que nunca foi muito disso-. Mas não precisam se assustar, embora as soluções para o problema que propõe o texto sejam difíceis.

Mas, leiamos primeiro o texto em questão, que é um tanto quanto dramático, quase um The Wall dos anos 80 pelo avesso, ou ainda melhor, um Tempos Modernos do genial Charles Chaplin, que mesmo realizado nos início dos anos 30 do século XX, foi uma crítica demolidora ao sistema produtivo da época, apoiado na visão taylorista-fordista com a sua extrema divisão do trabalho, e ritmos alucinantes de produção e distribuição.

Leiamos primeiro o texto e depois, por favor, vejam se a minha opinião a respeito dele é de alguma utilidade. (JV)


"Aos 20: ibuprofeno. 
Aos 25: omeprazol.
Aos 30: rivotril.
Aos 35: stent.


Uma estranha geração que toma café para ficar acordada e comprimidos para dormir.
Oscila entre o sim e o não.
Você dá conta? Sim.
Cumpre o prazo? Sim.
Chega mais cedo? Sim.
Sai mais tarde? Sim.
Mas para a vida, costumava ser não:
Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.
Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.
Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.
Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.
Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.
Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre.
Só não tinha controle do próprio tempo.
Só não via que os dias estavam passando.
Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta."
Nayara Hofman

E aqui volto eu. Calma, isso não tem cura e já vêm de longe; quem estudou engenharia, ou economia, ou administração de empresas sabe o que é o fordismo, que não se trata apenas de uma invencionice da indústria mais pujante, hoje quase que em decadência, mas também de toda a sociedade de consumo e de alta velocidade que a rodeia. 
Não tem cura, eu disse, a menos que o próprio sujeito decida não se sujeitar mais do que durante alguns quantos anos, e apenas por algumas horas do dia a essa dinâmica maluca. 
Mas para isso é necessário começar pelo que na historinha vêm no final: saber que o pouco às vezes é o suficiente, e bastante é apenas o necessário

E, além disso, lembrar sempre -mesmo não sendo nem um pouco religioso, como este que vos fala- das sábias palavras do Eclesiastes 3:1-4:

..."Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
"Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
"Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
"Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar, etc, etc" Ou, dito na língua dos que inventaram o fordismo, a febre consumista, o fast-food e o stress: time-to-time."

* https://www.domestika.org/es/blog/1078-happiness-la-animacion-como-critica-social

Javier Villanueva, Córdoba, 4 de dezembro de 2018

sábado, 24 de novembro de 2018

La historieta en Argentina y Chile. As HQ chilenas e argentinas

La historieta en Argentina y Chile. 
As HQ chilenas e argentinas

Hace un tiempo que escribo sobre la historieta argentina y chilena. ¿Vamos a empezar un resumen y una revisión?
Vean acá el primer artículo sobre Patoruzú:

https://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com/2013/10/para-leer-mejor-al-indio-patoruzu.html


E para os amigos brasileiros, vejam a seguir um resumo rápido de tudo o que já publiquei neste Blog e ainda vou publicar.
As imagens, os links e os textos foram tomados de:

http://www.tradutoradeespanhol.com.br/2013/01/):


Chile: 

Condorito é uma tira em quadrinhos criada pelo cartunista chileno René Ríos, conhecido como Pepo. É o gibi mais popular do Chile e foi distribuído em toda a América Latina. 
Como qualquer tira cômica, cada pequena história é independente do resto e tem sempre um final cômico. Uma característica particular das tiras do Condorito é que ao final de cada história, uma ou várias personagens desmaiam após serem vítimas de uma situação embaraçosa, a queda é sempre acompanhada da onomatopeia ¡PLOP!. Também costuma terminar com a exclamação «¡Exijo una explicación!» por parte do Condorito ou de seus amigos quando as coisas não dão certo. 
O estilo cômico que predomina em Condorito é o humor branco e a sátira, mas também há piadas com duplo sentido. 

www.condorito.cl


Argentina: 

Mafalda é o nome de uma tira desenhada pelo cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, de 1964 a 1973, protagonizada por uma menina preocupada com a humanidade e a paz mundial, y que se revolta contra o mundo legado pelos adultos. 
Mafalda usufrui de uma altíssima popularidade na América Latina e em alguns países europeus como Espanha, Grécia, Itália e França. Foi traduzida a mais de trinta idiomas. O tipo de humor é perspicaz, irônico e questionador, Mafalda fala não apenas da Argentina, mas das inquietudes de índole universal. 


Site oficial do Quino
www.quino.com.ar 

Larguirucho é uma personagem do cartunista espanhol naturalizado argentino Manuel García Ferré, que ficou popular fazendo parte da primeira série televisiva de desenhos animados Hijitus (1967-1974) na América Latina. 
Ao virar histórias em quadrinhos, Larguirucho transformou-se em um desafortunado que que empre se dá mal. Muito semelhante ao estilo de Condorito. 

clubdehijitus.blogspot.com.br


Patoruzú foi criado pelo cartunista argentino Dante Quinterno em 1928. É uma das personagens mais influentes dos quadrinhos da Argentina. Nasceu como personagem secundária em duas tiras cômicas de vida curta, o cacique Patoruzú - o último dos tehuelches, vistos pelos conquistadores espanhóis como gigantes dotados de força prodigiosa – obteve em pouco tempo sua própria revista em quadrinhos, que daria origem à revista homônima, um dos grandes marcos do humor gráfico argentino. 
www.patoruzu.com

Isidoro Cañones também foi criado por Dante Quinterno e também começou como personagem secundária de Patoruzú, mas que em 1968 tinha suficiente popularidade para merecer a sua própria revista em quadrinhos. A personagem representa o playboy de Buenos Aires. 
Se desejar saber mais a respeito da Mafalda, do Quino, e de outras personagens da Argentina e do mundo, acesse o seguinte site. 

www.todohistorietas.com.ar

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Don Quijote e a cápsula do tempo do Pepito




DON QUIJOTE
, de Orson Welles



Don Quijote e a cápsula do tempo do Pepito


Pepito abriu a cápsula do tempo que havia selado e enterrado no fundo do jardim, dentro de um baú, em 2018. 
Tinham passado 20 anos desde então, e ele já estava com 87, quase 88. Para os padrões da época não poderia ser considerado ainda um ancião, mas sim um respeitável senhor de idade, que andava pra lá e pra cá no bairro com uma elegante bengala e um chapéu, para evitar que o sol queimasse a careca incipiente. 

Mas, apesar de uma certa decadência física e talvez um pouco de deterioro intelectual - que ele se negava a deixar transparecer- e que na idade avançada é bastante normal, Pepito se sentia realmente feliz e "realizado", como se dizia muito tempo atrás.

E é que, igual que os piratas que guardam seus tesouros em ilhas longínquas, Pepito tinha em 2038 um baú cheio de joias e moedas de ouro: o grande amor da sua vida e uma filha, a que quase três décadas atrás não esperava ter, depois de quatro meninos que já eram homens na hora de enterrar o baú; e muitos netos, os que já estavam na época e eram quase adultos, e os que viriam mais tarde, alguns deles adotados, como prova do muito amor que sempre tiveram na família, para dar e ainda sobrar bastante. 

Porque Pepito tinha uma família enorme, com bisnetos, e com muita história, com lembranças heroicas de vidas passadas, a maioria delas muito comuns e corriqueiras, e outras nem tanto. 
No fundo do baú havia ainda o embrulho das memórias e livros, os muitíssimos que já tinha lido e os que ainda leria, e os tantos que escrevera até então ou ajudara a escrever e ainda os muitos que ainda iria escrever.
 
Estavam lá também seus alunos, que não eram igual a seus filhos, mas se pareciam um pouco; e milhares, que digo, milhões de histórias para contar. Muitas verídicas, outras fantasiosas ou misturadas, algumas abertamente mentirosas.
Mas, voltando ao começo da contagem das moedas do cofre: para que serviria tanto ouro ao Pepito se não tivesse, hoje mesmo, uma mulher e uma filha que são o espelho invertido onde ele vê todos os defeitos da sua natureza de homem e a dos seus filhos e netos? 

E também, pensava Pepito enquanto contava e recontava seus tostões: do que valeria ter família, livros e alunos, e todo o amor desse pequeno círculo, se não tivesse amor de paixão e solidariedade pelos outros seres humanos; se não entendesse a tristeza e a humilhação dos oprimidos, da mulher que sofre o machismo, do negro que aguenta o racismo, do gay e o/a transexual que suporta a homofobia? 

Do que valeria o tesouro guardado se tivesse que viver escondido, com medo dos que sofrem? 


- Quem sabe daqui a vinte anos, em 2038, quase 39- pensava Pepito enquanto enterraba o baú com a cápsula, ainda em 2018-, o mundo não esteja no turbilhão de uma catástrofe, como esteve cem anos atrás, e sim olhando para horizontes mais amplos, menos mesquinhos, mais solidários e humanistas.

JV. Buenos Aires, novembro de 2018

sábado, 17 de novembro de 2018

Izquierda, comunismo, socialismo, socialdemocracia. ¿Es todo igual?

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Izquierda, comunismo, socialismo, socialdemocracia. 
¿Es todo igual?

Nada mejor que la historia y sus datos en documentos - papeles, fotos, filmes, grabaciones, etc- para aclarar las zonceras del presente. 
Meter en una bolsa de gatos a todo pensamiento progresista, de centro o centroizquierda, y mezclarlo con los de las izquierdas, reformistas o revolucionarias, es lo mismo que confundir al fascismo con el liberalismo o el viejo conservadorismo clásico.
Por ejemplo, y para tratar de entender mejor las cosas, la llamada guerra entre Camboya y Vietnam a fines de los años 70, se refiere a una serie de conflictos armados entre los dos países, que terminó con la invasión vietnamita de la Kampuchea Democrática al mando del general Văn Tiến Dũng, que en la Guerra de Vietnam había derrotado a las tropas de Estados Unidos y Vietnam del Sur, resultando la derrota del régimen de los Kemer Rojos y el establecimiento de la nueva República Popular de Kampuchea.
La ocupación de Camboya acabó con el genocidio camboyano - que ocurrió de 1975 a 1979, luego de finalizada la ocupación militar estadounidense- que fue liderado por Pol Pot, quién había llegado al poder durante la Guerra Civil Camboyana, de algún modo paralela al la vietnamita, y que duró de 1967 a 1975, y tras derrocar al mariscal Lon Nol, presidente de la República Khmer, aliada del antiguo Viet Nam del Sur y los EEUU. 
El conflicto, además de mostrar las milenares tradiciones de amistad entre Camboya y Vietnam, también trajo otra vez a luz el profundo conflicto chino-soviético que dividió al movimiento comunista de aquella época. 
El Partido Comunista de Vietnam -PCV- contaba con el apoyo unilateral de la URSS, mientras que el Partido Popular de Kampuchea tenía de aliado a la República Popular China. 
Después de la toma del poder por los Kemer Rojos, la escalada de conflictos fronterizos con Vietnam fue en aumento. Como consecuencia, el 25 de diciembre de 1978 unos 150 mil soldados vietnamitas invadieron Kampuchea y en una ofensiva relámpago tomaron el control de todo el país, incluida la capital Phnom Penh. 
En respuesta al ataque a su aliado, China invadió Vietnam - fue el llamado Conflicto Chino-Vietnamita, de febrero a marzo de 1979- y el enfrentamiento terminaría en un empate simple después de la retirada china, que no quería enfrentamientos con su poderoso rival ruso soviético, ni con la guerrillera Vietnam. 
El 8 de enero de 1979 los vietnamitas crearon la República Popular de Kampuchea, aunque durante los años siguientes la ONU siguió reconociendo a los Kemer rojos como el gobierno legítimo de Camboya. 
Por otro lado, tanto el nuevo gobierno como las tropas vietnamitas estacionadas en el país tuvieron que enfrentar una guerra de guerrillas de un rejunte de grupos armados activos en la región.
La gran presión internacional obligó al nuevo gobierno camboyano — considerado como un estado títere de Vietnam— a realizar una serie de reformas económicas y políticas que llevarían a la retirada de las tropas vietnamitas en 1989 y un mayor control del país. Junto con la restauración de la monarquía en 1993, los Kemer rojos anunciaron su desmovilización en 1999.

Pero, ¿no eran todos comunistas?
¿Cómo se explica todo esto? ¿No era la URSS, así como la China y Vietnam hoy, y aquel régimen genocida derrotado por los vietnamitas en Camboya, todos ellos comunistas?
Existe uma obra de história, sociológica y política de largo aliento, llamada Crisis del Movimiento Comunista Internacional, en dos tomos, de Fernando Claudín, un antiguo dirigente comunista que rompió con el partido (el PCE - Partido Comunista de España), y que trata de explicar sus posiciones políticas presentes. 
A veces, atrás de esas autocríticas se descubre a un renegado, alguien que vende su alma al diablo, y trata de hacer méritos de arrepentido con un anticomunismo frenético, con el que no ataca solo a la burocracia del estalinismo, sino también al anticapitalismo, a las ideas socialistas en general. 
Ese es el caso de un Fernando Gabeira, que después de "Que é isso, companheiro?" revisa su trayectoria de guerrillero y viene girando a la derecha y al neoliberalismo; o el de Aloysio Nunes, ex motorista y guardaespaldas de Marighella en los años 70, más tarde candidato a vice de Aécio Neves contra Dilma en 2014, y actual ministro de Temer. 
Ese tipo de "autocrítica" es nada más que una manera de justificar el poder y servir a la clase dominante. Son los apóstatas integrales, de los que acabo de dar apenas dos ejemplos en Brasil.
Pero cuando leemos Crisis del Movimiento Comunista Internacional, enseguida nos tranquilizamos con el libro de Fernando Claudín porque se trata de un libro honrado, nacido de las reflexiones de un viejo revolucionario que no quiere dejar de serlo, y de un estudio profundo que desmenuza en minúsculos detalles, las batallas ideológicas y políticas en el seno del socialismo (o comunismo, así llamado a partir de la Revolución Rusa de 1917 para diferenciarlo de la Socialdemocracia europea).
En esa obra - y en las de Rosa Luxemburgo y sus polémicas con Lenin sobre la dictadura del proletariado, y en la batalla de Trotsky contra Stalin, y en los escritos de Lucaks, y Gramsci, hay toneladas de temas para la discusión y reflexión sobre los hechos de gran éxito y los fracasos del socialismo.
Pero cuando hablamos de cualquier tema que cuestione algún aspecto del pensamiento liberal, o conservador, y mucho más el del fundamentalismo conservador de varios colores- de inmediato oímos hablar de Cuba, Fidel o el Ché, o de los "fracasos" del comunismo (nunca se habla de las guerras, fracasos y tragedias diversas del capitalismo, o las más de 230 invasiones de los EEUU y sus aliados para imponer su concepto de democracia.

Los médicos cubanos y las reacciones de la derecha
Y así ocurre ahora con el tema de los 11 mil médicos cubanos que están dejando Brasil. No vivo en Cuba, no me voy a Cuba, y tengo mis muchas críticas a Cuba, que seguramente hasta el Ché las tendría, sino quién sabe se hubiera quedado en su segunda patria, en vez de ir a buscar una nueva revolución y una muerte segura en África o en Bolivia. 
No discuto Cuba, a no ser en los hechos: los EEUU no se metieron más con la URSS cuando vieron que los ejércitos blancos no vencerían al Rojo; lo mismo con la China de Mao, y con el Vietnam que les dió la primera zurra histórica, después de 230 países y territorios extranjeros invadidos. 
A Cuba - democracia o dictadura- no la toleran por una cuestión meramente ideológica y claro, por estar muy cerca de Florida, donde hay varios miles de cubanos refugiados. 
De lo que se trata aquí, ahora, es de los 11 mil médicos -cubanos o japoneses, no importa- que van a dejar 30 millones de los pobres más pobres de Brasil sin asistencia médica. Y que no va a ser cubierto ni al 20% en menos de dos o tres años. ya hubo esa oportunidad en 2013 y Dilma solo llamó a a los cubanos cuando vio que los médicos de la Paulista y Leblon no querían ensuciarse las manos con los neguinhos de los grotões. 
Esa es una realidad que me interesa. Si de discutir los éxitos o fracasos del comunismo se tratase, tendríamos que discutir Rosa Luxemburgo y sus críticas a Lenin, Trotsky y sus críticas a Stalin, el maoismo, el castrismo y el guevarismo en el mundo, y otra vez estaríamos discutiendo de éxitos -la Revolución Rusa trajo todas las reformas laborales que la derecha ni el liberalismo europeo y estadunidense querían haber concedido jamás, -y eso hasta los escandinavos, franceses y alemanes lo reconocen!- y lo mismo si se estudia la bipolaridad China-EEUU que tanto lo atemoriza a Trump y sus Red Necks. Cuba tomará sus caminos, pero los nuestros por acá van muy mal, por un muy mal camino.
JV. Bs.As. Noviembre de 2018.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Seu Xunqueira, o livreiro de São Paulo que havia assaltado um transatlântico



Capa do livro que Souttomayor, o companheiro de aventura do Seu Xunqueira publicou e que, como veremos mais abaixo, não se corresponde com a realidade, segundo a opinião do autor do texto, Miguel Urbano Rodrigues. 

Seu Xunqueira, o José Velo do texto a seguir, que conheci graças à amizade com a Elizabeth Lorenzotti,  é um desses personagens que sempre me apaixonam, porque podem passar da Utopia mais desvairada -que sempre é assim, ou não seria Utopia, porque ela é possível, sempre que encontre loucos capazes de levantá-la como bandeira- à ação revolucionária. 
Loucos revolucionários não são dementes nem desvairados, apenas exigem o impossível porque são cruamente realistas. Porque sem sonhos não há vida, nem futuro, nem filhos, nem amor, nem sexo. 
Sem sonhos, a vida é uma chatice e quem leva as de ganhar é sempre o mais perverso, o conservador, o que esmaga as Utopias com as botas das ditaduras.
Só os Xunqueiras fogem desse padrão e criam novos protocolos a seguir. 

Dito isto, acrescento apenas que, para os que falamos a diário o português brasileiro e o espanhol argentino, é um prazer refinado poder ler e ouvir falar em galego, a língua da nação que ficou presa dos Reis Católicos e se afastou da sua irmã Portugal. A língua do seu Xunqueira, o herói destas páginas. (JV)

https://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com/2013/05/el-asalto-al-trasatlantico-santa-maria.html

https://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com/2013/05/el-asalto-al-santa-maria-un-navio.html


José Velo Mosquera, revolucionário puro e cavaleiro da utopia

Miguel Urbano Rodrigues (In Memoriam - 1925-2017)
O texto que reproduzimos a seguir foi escrito por Miguel Urbano Rodrigues para ser publicado no número 1 da Revista Kallaikia, da Associaçom de Estudos Galegos (AEG), correspondente a outubro de 2016. Publicado na altura na ediçom impressa da Kallaikia, disponibilizamo-lo agora também em formato html em homenagem ao próprio Miguel Urbano Rodrigues, grande amigo da causa nacional galega recentemente falecido, assim como ao protagonista do texto, o patriota galego José Velo, de cujo nascimento se completou precisamente no ano 2016 o primeiro centenário.


José Velo Mosquera foi um revolucionário de uma pureza e autenticidade raras.
Escrevi num dos meus livros que não conheci alguém que se lhe assemelhasse pela personalidade. Era um Quixote moderno, mas diferente do herói imortalizado por Cervantes.
Em Janeiro de 1961, ao chegar ao «Santa Maria» após uma viagem tormentosa, senti quando trocamos o primeiro abraço uma grande empatia com aquele galego alto, magro, desengonçado, ossudo, que me sorria e irradiava caráter e fraternidade.
No transatlântico, rebatizado como «Santa Liberdade», o comandante nominal era Henrique Galvão, mas apercebi-me logo que os comandantes reais eram dois galegos: Souttomayor e Velo, que usava o nome de guerra de Junqueira de Ambia.
Galego da aldeia de Celanova, amava a palavra, tratava-a com amor. Fazia do gesto uma arma de persuasão. Era um comunicador, e, dotado de uma imaginação prodigiosa, recorrendo a metáforas e a parábolas, impressionava tanto os companheiros da «Santa Maria» que a maioria aderia ao seu discurso, por mais absurdas e inviáveis que fossem as suas análises e sugestões.
Somente com o rodar dos meses me apercebi de que era um mitómano talentoso. Quando um mito o encantava, trabalhava-o com tamanha paixão que objetivos inatingíveis se tornavam parte integrante do seu ego.
Sobre a grande aventura e o fim do chamado Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação-DRIL escrevi muitas dezenas de páginas. De Henrique Galvão e Soutomayor somente guardo péssimas recordações. Ambos, de revolucionários somente tinham a máscara. O livro de Soutomayor «Eu roubei o Santa Maria» é, aliás, uma impressionante coleção de mentiras de um aventureiro megalómano.

Agora , quando a juventude estudantil da Galiza presta homenagem a José Velo, penso com emoção e saudade no amigo, no patriota galego, no cavaleiro do sonho para quem o sentido da vida era inseparável do combate pela revolução social.
Após a entrega a Salazar do «Santa Maria», quando o governo de Jânio Quadros concedeu asilo político aos participantes no assalto ao barco, Junqueira - assim lhe chamei sempre - ficou instalado em minha casa.
Escreveu então artigos sobre a fracassada aventura e deu entrevistas a influentes órgãos da comunicação social. Nos contactos mantidos com intelectuais progressistas de São Paulo e dirigentes estudantis anti salazaristas , favoráveis à independência das colonias portuguesas, Junqueira rapidamente adquiriu popularidade e prestigio.

Intelectual culto, fora professar de Filosofia e Matemática em Caracas, onde residira anos como exilado. Era no grupo do «Santa Maria» o único que estudara clássicos do marxismo, embora Soutomayor tivesse militado no PCE.
Tinha lido milhares de livros. Mas Marx, Kant, Newton, Einstein não bastavam para saciar a sua fome de saber. A sua cultura desarrumada refletia o espirito de um cavaleiro andante fora do tempo.
Dizia ser marxista e leninista, mas não podia sê-lo. Paradoxalmente, desenvolvera uma conceção idealista da História, incompatível com o materialismo dialético.
Como nacionalista galego tinha uma admiração enorme por Castelao.
Na época, eu ainda não estava curado do esquerdismo, definido por Lenine de doença infantil do comunismo.
Os companheiros do «Santa Maria» estavam instalados numa quinta alugada, próxima de São Paulo, teoricamente disponíveis para empreenderem novas tarefas ao serviço do DRIL.
Concebi então um projeto louco. Iria à Guiné Conakry estabelecer contato com Amílcar Cabral, do PAIGCV, e os dirigentes do Movimento Popular de Libertação de Angola para oferecer a colaboração do DRIL na luta pela libertação da Guiné Bissau e de Angola.
Dediquei ao tema alguns capítulos de um livro. Fui muito bem acolhido e escutaram com atenção a minha proposta. O presidente SekouTouré, que me recebeu cordialmente, prometeu facilidades para a instalação no país dos combatentes do DRIL.
Mas o tresloucado projeto não tinha pernas para andar. De São Paulo recebi a notícia de que o grupo do «Santa Maria» tinha abandonado a quinta no Carnaval e se dispersara. O DRIL não existia mais.

Ao regressar ao Brasil, encontrei Junqueira amargurado.
Em Conakry eu tomara conhecimento pelo «Avante!» de que o PCP alterara a sua estratégia, criticando o desvio de direita, e defendia um «levantamento nacional e uma insurreição popular armada», ou seja uma linha revolucionaria que Álvaro Cunhal sistematizaria mais tarde no «Rumo à Vitória».
Essa inflexão estratégica entusiasmou-me e, ao regressar a São Paulo, informei o responsável do Partido de que podiam contar comigo. Não aderi logo ao PCP, mas já me sentia comunista.
Junqueira compreendeu a minha opção. Não ouvi dele uma censura ao adquirir a certeza de que eu não o acompanharia mais em aventuras utópicas. Mas, apesar disso, continuou a expor-me com frequência projetos fantásticos, miríficos, que concebia como concretizáveis.
Foi um amigo maravilhoso, e o afeto granítico que nos unia era mais forte do que o abismo ideológico que nos separava.

O PATRIOTA GALEGO
O conceito de pátria era nele revitalizado por uma aversão profunda por Castela e os castelhanos.
Recordo que, ao chegar a São Paulo, me confidenciou que ao ver nas ruas e nos jornais tudo escrito na «sua língua» se comoveu. Sentiu-se numa gigantesca Galiza.
Lamentava que a Galiza, em vez de se ter ligado a Portugal, caminhando fundidos pela História, tivesse sido conquistada, anexada e humilhada por Castela.
Não perdera a esperança de uma aproximação cada vez mais profunda, intima, dos dois povos irmãos, ramos de um tronco comum.
Permaneceu em minha casa até Xovita, a sua companheira, chegar ao Brasil, vinda da Venezuela. Vitor, o filho de ambos, participara, com apenas 15 anos, no assalto ao «Santa Maria».
Xovita era uma mulher galega que tinha os pés bem firmes na terra. Com o seu sentido prático convenceu-o a abrir uma pequena livraria. Eu visitava-o com frequência, discutíamos os grandes problemas da humanidade, e recordo que Junqueira, com os cotovelos apoiados no balcão, se inflamava quando principiava em voz baixa a dar-me notícias da Galiza, que o alegravam. Concluía que o espirito revolucionário do seu povo, segundo ele, se mantinha vivo. A imaginação e a fantasia suavizavam-lhe a tristeza de um exílio cujo fim não iria viver.
Não esqueço que vendeu dezenas de exemplares de um livro meu que foi proibido e apreendido em 1968 pelo governo do Brasil, então submetido a uma ditadura militar fascista.
Morreu aos 55 anos, apos uma doença prolongada que o fez sofrer muito e lhe destroçou o corpo frágil.
Não esqueci que na última vez que falamos, ao visitá-lo no hospital, se animou ao falar de um grande projeto revolucionário que tinha concebido...
Foi sepultado com a bandeira galega, como tinha exigido.
Escrevia um livro quando a morte chegou. O Vitor entregou-me o manuscrito. Transcorridos tantos anos ainda me dói o que aconteceu. Era uma reflexão sobre temas políticos e culturais. Não foi possível publicar no momento o seu trabalho porque estava redigido em galego, o que exigia adaptação ao português.
Guardei o manuscrito. Um dia verifiquei que, tal como livros e documentos meus, tinha desaparecido. Estávamos no auge do terror policial e eu era muito visado pelas polícias políticas da ditadura militar.
Hoje recordo-repito- com saudade e carinho o amigo querido, cavaleiro da utopia, mas um dos revolucionários mais puros que conheci.

Serpa, 23 de Fevereiro de 2016

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Os protozoários, Napoleão e a memória dos povos


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Os protozoários, Napoleão e a memória dos povos

Um ano atrás escrevia este artigo, e eu sei que as coisas mudaram bastante no Brasil, mas trocaram suas formas e não na essência, que continua a mesma, apenas incrementada, aumentada em proporções assustadoras. 
O velho oportunismo de partidos-elefante como o PMDB (hoje MDB, como nos anos de chumbo, que eles esqueceram) e o PSDB, um dia social-democrata e hoje comido por dentro pela direita que começou com Alckmin e o Opus Dei, já são quase passado de tanto que se desinflaram e perderam importância direta. 
Enquanto que a velha corporação lumpem de partidões anões de aluguel do Centrão, impulsionada pela força imparável dos neo-pentecostais, dá um novo fôlego ao projeto de Temer, mas com outro líder, dessa vez um populista de extrema direita.
As coisas mudaram, pra pior, mas seguem seu curso. (JV)

O jornal "La Nación", liberal-conservador, fundado em 1870 por Bartolomé Mitre, comandante da Tríplice Aliança que destroçou o Paraguai na guerra infame, festejou um ano atrás, 23/10/17:
As manchetes de "Le Moniteur Universel" nas ediciones de março de 1815, e na medida que Napoleão se aproximava de Paris, passaram de "O Monstro escapou do seu desterro" (na Ilha de Santa Helena), a "O Usurpador está a 60 horas de marcha da capital", para mais tarde informar que "Bonaparte avança a marcha forçada", e logo depois, "O Imperador está em Fontainebleau", para finalmente, ante o inexorável, colocar a manchete que destilava um despurado servilismo: "Sua Majestade fez sua entrada pública e chegou às Tulherias. Nada pode exceder a alegría universal. ¡Viva o Império!".

Comparando o Brasil de um ano atrás, com aquela Argentina pós- eleições parlamentárias de 2017, dizíamos que Macri não é Napoleão, é claro, assim como Dória e seu outro amigo tropical, Temer, não são figuras que vão ficar nos livros de história. Mas o peronismo oficial - o justicialismo-, ele sim, cada vez se parece mais às manchetes do "Le Moniteur Universel" ante o avance do trinfador do momento.
E o justicialismo argentino lembra o PMBD dos nossos trópicos: junta de caciques regionais oportunistas e sem princípios, sempre à procura de sombra e água fresca para suas negociatas. 
Burocracia sindical e peronismo de direita, sempre às ordens para o que os engendros liberais - mais ditatoriais ou mais institucionalistas- gostem mandar.

O triunfo da direitista Elisa Carrió por mais de 50% em Buenos Aires, como o de Dória em São Paulo há um ano (2016), ou o eterno Alckmin no estado, demostram sim, que Napoleão está próximo. Só que a restauração republicana imperial bonapartista era para acabar com os restos das monarquias reacionárias que esticavam a Idade Média para dentro de um século XIX que queria mais industrialismo e democracia do que reis e cortes corruptas.
A direita e a ultra direita  hoje - no Brasil, na Argentina e no mundo todo- vão por mais: querem acabar com toda e qualquer política que seja ou pareça minimamente "assistencialista", leia-se: de minimização dos brutais desníveis sociais entre as classes possuidoras e os explorados.
Elisa Carrió em Buenos Aires - que fez odiosas declarações em relação à desaparição de Santiago Maldonado nas mãos da polícia de "gendarmeria", confirma o avanço da coalizão oficial de três pés, formada pelo partido de Macri, mais o partido centenário como mero coadjuvante (o Radicalismo) e uma dirigente que age como "fiscal moral da república" e inspetora do próprio governo - Elisa Carrió-, que ela pretende comer por dentro, a nível nacional. E isto tudo aconteceu, pela primeira vez, sem um segundo turno: igualzinho à vitória de Dória sobre Haddad.

Avanços da direita que a classe média de centro festeja ruidosamente.
Tempo ao tempo. O povo não vai virar protozoário, e ninguém se apaixona pela ignorância por muito tempo. 
Paciência e ainda mais luta.

JV. Catamarca, 23 de outubro de 2018

sábado, 20 de outubro de 2018

O macartismo que perseguiu Charles Chaplin e o anticomunismo de hoje.

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O macartismo que perseguiu Charles Chaplin na Guerra Fria e o anticomunismo (anti-PT) no Brasil de hoje.

"Antes un final terrible que un terror sin fin", escribe Marx en El 18 Brumario de Luis Bonaparte, refiriéndose a la desesperación de los opresores, que en algún momento deciden apostar todo en un "salvador de la pátria", aunque se trate de un aventurero, un Jânio Quadros, un Collor, ou un capitão-de-mato sem educação, preparación ni capacidad de controlar ni sus tres "cuadros" partdarios, que cada vez que abren la boca dicen algo más descabellado que la vez anterior.


O anticomunismo de Bolsonaro e de Mourão (e da centena de militares que o seguem no congresso, governações e nos cargos que pretende preencher no seu hipotético governo), o ódio absurdo da classe média deslumbrada ao socialismo, igual que o velho macartismo, se explicam no desespero das classes dominantes, que não tem resposta, não tem alternativas à sociedade de bem-estar, que é issoe apenas isso que a socialdemocracia de esquerda do PT propõe. 

E Marx explica:


“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado” C. Marx.
“Eu, pelo contrário, demonstro como a luta de classes na França criou circunstâncias e condições que possibilitaram a um personagem medíocre e grotesco desempenhar um papel de herói”. Marx.

"Hegel observa que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa". Marx. 18 Brumário.

O anticomunismo cresceu no Brasil nos últimos 5 anos mais do que nos anos anteriores ao golpe de 1964. 
O Macartismo -ou anticomunismo dos anos 50 e 60, com nome e sobrenome- foi um polêmico movimento político norte-americano para tentar combater o comunismo nos EUA nos anos 1950. 

Embora isso permitisse violar o direito civil à opinião política, previsto na Constituição, e motivado pela paranoia da Guerra Fria, entre EUA e URSS, o macarthismo foi personificado pelo senador republicano Joseph McCarthy – daí o nome.


Como cabeça do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado, McCarthy cometeu diversos abusos: autorizou quebras de sigilo, violou fundamentos legais (como o direito à ampla defesa), pressionou interrogatórios e divulgou listas de supostos adeptos do comunismo que deveriam sofrer todo tipo de sanção – mesmo sem mostrar em momento algum provas definitivas.
O ator e diretor britânico Charles Chaplin foi uma das pessoas que sofreram duramente com o macartismo.

No Brasil, seguindo as ordens do Big Brother, foram produzidos "O Brasil precisa de você” e “A Máquina Comunista”, dois documentários de teor antissocialista. A mensagem de ambos é quase a mesma: “há um perigo iminente que precisa ser extirpado. Caso contrário, o Brasil caminhará para uma ditadura totalitária e sanguinária.” A corrupção, a desordem e a crise econômica e institucional seriam as provas inequívocas da ameaça que ronda a sociedade.
No primeiro caso, “O Brasil precisa de você”, o narrador convida direto o telespectador, chamando-o a participar de forma ativa na sociedade. A missão proposta seria a conformação de uma “nova democracia” no Brasil.
No segundo exemplo, “A Máquina Comunista”, a narrativa é semelhante. O documentário inicia com a fala de um sujeito, Ricardo Gomes (apresentado como empresário e advogado), afirmando que o projeto marxista é inverter a classe exploradora. 
E, para isso, “eles estariam tomando o Estado por dentro”. E o empresário alerta: “espero que ainda não tenhamos passado pelo point of no return, do estado de coisas além do qual é impossível voltar”.

Esses dois exemplos, apesar das suas grandes semelhanças, não são contemporâneos. Não foram feitos pela Editora Abril, nem pela Rede Globo ou por qualquer órgão tradicional da imprensa. Muito pelo contrário, há mais de cinquenta anos separando a primeira película, produzida pelo IPES, órgão criado em 1962 por empresários para financiar a propaganda anticomunista; do segundo caso, retirado de uma de uma série de cinco documentários, lançados ano passado, num evento intitulado “Brasil Paralelo”.
Segundo os organizadores, esse “congresso virtual” foi realizado por jovens cansados de “ouvir sempre o mesmo lado de história”. Eles seriam os pioneiros de uma revolução intelectual que iria devolver a “verdade sobre o nosso povo”. Escondida pelos professores e pela mídia, “infestadas de esquerdistas”. “‘O Brasil Paralelo’ se propõe a trazer outra versão da história do Brasil. Após muito trabalho. Noites sem dormir. Viagens exaustivas. Colocamos dinheiro do nosso próprio bolso. Assumimos o risco.”

Esse é o liberalismo, em suas versões neo-liberais ou lumpem-capitalistas e suas opções lumpem-burguesas. 
Mas, e o comunismo, que?


O comunismo no Brasil:

Seria longo e chato -daria um par de livros de não menos de 400 páginas cada um- detalhar o que aconteceu com o comunismo e seu devir em socialdemocracia de esquerda (PT, PCdoB, e PSOL) e socialdemocracias de direita (PSDB, PSB e PPS), sem falar das opções menores, que vão num arco do trotskismo tradicional que vem da Argentina (PSTU e PCO) até o neo-estalinismo leninista do PCML.

Ferozes anticomunistas, os neoliberais que já foram socialdemocratas de centro e passaram (igual aos seus antecessores alemães antes da catástrofe nazista, entre a Weimar de 1919 a 1930) radicalmente à direita, se aliam aos liberais e a ultradireita - hoje cristalizada em Bolsonaro e o Centrão que o apoia- com um único fim: destruir o PT e o PSOL, que tem crescido exponencialmente a custa da sua prédica democrática radical, e preparar o desmonte dos movimentos sociais do MTST, MTS, as centrais sindicais da esquerda CUT e outras, e os movimentos estudantis dirigidos pelo PCdoB, o PT e o PSOL.

Mas acontece que o velho comunismo (talvez o de Prestes), o da expropriação do grande e médio capital e latifúndios, o do armamento do povo e a democracia direta das assembleias de trabalhadores, esse não existe mais, a não ser em grupos menores, como o PCO e o PCML.

O anticomunismo posterior à Guerra Fria é, no Brasil, apenas o sonho da destruição do PT e das esquerdas, nada mais.

Ver mais em: https://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com/2016/04/o-fato-maldito-chamado-lula-e-o-petismo.html

JV, São Paulo, 20 de outubro de 2018.



sábado, 6 de outubro de 2018

E o Temer não caiu. Mas, por que?


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A cada tanto gosto de olhar pelo retrovisor, tanto na análise de momentos políticos, sociais e econômicos, como também para rever as minhas apreciações e impressões na época. 
O fato do Temer nunca ter caído, a pesar da escassa base dos seus apoiadores se deve ao fato de nunca ter cumprido com o total das suas tarefas sujas, e ao mesmo tempo ser apenas uma versão mais moderada da mesma lumpem-burguesia que hoje se expressa no candidato-capitão. 
Por que a burguesia mais real, a do Skaff e Meirelles, ou a que se escondeu durante 25 anos atrás de Alckmin e o PSDB não decolou? Por que, na última hora, essa burguesia teve que buscar, mais uma vez dois representantes fantoches da lumpem-burguesia como Bolsonaro e Mourão? (JV, outubro de 2018).
E o Temer não caiu. Mas, por que?

O Sardenberg e a Globo, seu patrão, sabem que há muito tempo não existe ideologia - eles querem dizer "verdadeiro neo-liberalismo"- no PSDB, no MDB e muito menos no Centrão. 
A maioria nesse pântano são fieis representantes da lumpem-burguesia, ou seja, de um conglomerado de aventureiros, ricos e sem cultura de direita, mas sim com muita abição e audácia. 

A Fiesp, a FeBraBan, a CNA e a Globo (só pra falar dos mais notórios), eles sim são os autênticos burgueses, os donos do poder, apenas emprestado ao bando de donos de igreja e capitães do mato da coalizão que derrubou Dilma dois anos atrás. 
Eles tinham uma agenda e Temer cumpriu suas propostas ao 89%, e por isso ele não cai.
"Está tudo arrumadinho, com a economia crescendo e as instituições funcionando" diz Sardenberg e repete a Miriam leitão, que vê os mesmos trunfos na fabulosa gestão de M. Macri na Argentina.

Temer não cai, mesmo com 2% de apoio popular, os mesmos 2% que transferiu para Henrique Meirelles, membro do Conselho da Lloyd's de Londres e do Conselho de Administração da Azul, Conselheiro do Centro de Estudos Latino Americanos da Washington University, presidente emérito da Associação Brasileiras de Bancos Internacionais, diretor da Câmara do Comércio de São Paulo, membro do conselho das instituições de ensino Harvard Kennedy School of Government, Sloan School of Management do MIT, Carroll School of Management do Boston College. 

Temer, um lumpem-burgês da aliança entre o MDB, o Centrão e o PSDB, e Meirelles, um digno representante do capitalismo caipira, aliado incondicional dos monopólios internacionais.
Por que será que Temer não cai, heim?

Javier Villanueva, São Paulo, outubro de 2018

El hombre que tiene un secreto

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         El hombre que tiene un secreto    
 A Evaristo Carriego                                                                                                                                                                                                     
"El hombre que tiene un secreto" fue Mención en el Concurso Iberoamericano Julio Cortazar del argentino residente en España, Carlos E. Bischoff                                
                                                                

     Se congregan en la fuente, junto al antiguo paredón donde comienza la única calle del pueblo. Rito regular de media mañana que culmina cuando todas saben que están todas, y las ausentes –si las hay- lo son con causa. Recién el jueves será cuando venga el médico, único día de la semana en que la reunión se suspende. Todas asisten a la periódica visita pero es imposible prestar la debida atención con las inútiles idas y venidas de la enfermera acompañante del doctor. Lo más probables es que quiera escuchar.
     El sol se deja ver por momentos, como abriéndose paso para recordar entre los nubarrones que parten las montañas que nunca se irá del todo, su modo de hacer presente que volverá tras las lluvias intempestivas que duran poco, otro signo distintivo del poblado al que todos están habituados. El aire no es frío todavía, signo de que falta para que el otoño ponga sus retales. Cuando suceda, la reunión se postergará media hora sin necesidad de que ninguna diga nada, tácitos acuerdos que brindan las costumbres.
     Hoy faltarán Carmina y su hermana, la madre siempre enferma por estas fechas así que está previsto. Y el faltazo será debidamente rentabilizado, hasta Carmina y su hermana  –quien sabe si no su madre-  lo tienen claro. En pocos minutos se hace general el cotilleo aunque en voz más baja que lo normal, sin risas casi. Tal vez la borrasca que se anuncia para la noche no ayude a mantener el tono de rutina, o el inusual movimiento de alguno de los doce coches del pueblo que entra o sale (si no fuese conocido daría pie a la correspondiente investigación).
    Sin embargo hoy parece ser otro asunto de mayor envergadura el que las muestra algo alteradas. Cualquier observador habitual aguzaría sus sentidos, pero no hay observadores. Menos, habituales.
     Los niños en el colegio de la ciudad cercana, temprano los ha recogido el autobús. Los hombres desde antes de amanecer en labores de campo, sus inquietudes a estas horas tendrán que ver con las previsiones del tiempo. Ya recibirán las novedades -aún sin desearlo- al regresar a casa, de atardecida, tal vez algún comentario aparezca en el bar mientras juegan unas partidas rápidas de mus y apuran copas entre vecinos, preparándose para la cena. Si sucede, claro, las nubes no ayudan a imaginar hoy demasiada reunión. Pero si sucede serán las noticias sobre aparición de jabalíes o indicios de plagas en los sembradíos, pero sobre todo risas las que presidan el momento, las duras jornadas de laboreo rural empujan más a un corto espacio de alegría que a ocuparlo con sucesos que casi siempre imaginan imaginados por sus mujeres. Todo lo más, un comentario.

     Como de costumbre, Carmen lleva la voz cantante, tras las menores importancias –fáciles de priorizar, y en último extremo Carmen establece gradaciones sin discusión posible- los chismorreos se centran en el hecho que todas ya conocen pero no ha sido depurado en el lugar en que se debe, donde tal vez una idea, una palabra, la interpretación de un gesto al que no se ha prestado la atención que corresponde, las ayude a aclarar ese misterio que, aunque ya tiene su tiempo, cada tanto por una cosa u otra, reaparece y da hilo a nuevas alternativas.
     Ha sido ella –y Noemí, claro- la que lo vio ayer a la tarde y lo cuenta ahora que es la hora de ponerse al día de nuevas o sucesos que si no hay se suponen, algo de razón llevan sus hombres. Pero hoy hay, y lo que hay no parece de talla menor. Sí que puede dar tela para cortar el asunto, de hecho es algo que ya ha sufrido diversos cortes en el tiempo. Claro que siendo un nuevo perfil el que se presenta, ya ha corrido por vías que se saben no son las adecuadas pero todas practican, los teléfonos permiten adelantar y la noche pasada han funcionado. Porque menos menor será lo nuevo si se logran encontrar hilos que lo relacionen con anteriores cortes.
     Toma su tiempo Carmen tras propiciar el momento con una frase breve y sonrisa entre enigmática y preocupada, la clase de gestos que debe suponer alerta expectativas. Tose con delicadeza sobre su pañuelo hasta que ve que ha convocado atención suficiente, para recién entonces decir que se quedó “como de piedra” en el mostrador del Estanco Bar y Verdulería cuando fue a comprar, el atardecer casi noche es siempre hora propicia para comprar algo innecesario para la cena y de paso verificar si ha pasado algo que haya podido escapar al control que ejerce tras los visillos del primer piso de su vivienda, a dos pasos, vereda de enfrente. Quedó así, “como de piedra”, repite para que se entienda hasta qué punto la situación y sus posibles significados la golpearon, convirtiéndolo en algo suficiente para desmenuzarlo en el sitio apropiado. Tiene claro –no lo dice, desde luego- que es ya hecho conocido pero no examinado en detalles y perspectivas.  
     Noemí –lleva el estanco y piensa que el tema debió haber sido suyo pero como no quiere conflictos calla. No le disgustaría en algún momento ser eje de atención pero sabe que con Carmen no tiene ni para empezar- confirma lo sustancial en cuanto la otra se detiene para recuperar aliento apelando al pañuelito delicadamente bordado –un asma antigua y cultivada la obliga a frenar seguido y la usa para ambientar parlamentos-. Noemí ha ido confirmando lo que cuenta Carmen con lentos cabeceos, su modesto modo de ser parte sin ofender, amén de ir gestando también su propio momento, sabe que le tocará. Le interesa que Carmen note su asentimiento, es de sus principales clientas y los clientes se cuidan. Más –lo dicho-, Carmen es la que lleva la voz cantante. Cuando frena para toser, queda habilitada.  
     Llegó doblando la esquina a la hora de siempre –confirma, echa un inútil vistazo al reloj pulsera-, ella estaba como cuando no hay gente ni tiene ganas de fregar, en la puerta –quiere aprovechar su momento para dar algún relieve a su    lugar, sabe que será un tiempo corto y no es habitual ser vocera de información aunque su negocio sea el centro comercial del pueblo-. Entró y sacudió los pesados zapatones en el felpudo de la puerta, saludó –es hosco pero educado, todo debe ser dicho-, pidió su vino de costumbre y se fue al fondo, a la mesa casi en penumbras donde se sienta habitualmente, la más alejada de las cuatro que conforman el salón del bar. Todas conocen de memoria el estanco, de lo contrario haría un plano pero sabe que no tiene tiempo. A la media hora buscó como siempre su segundo vaso, lo gastó sorbo a sorbo -siempre igual-, luego armó con paciencia un cigarro… No sabe cómo hacer para extenderse en detalles pero Carmen la interrumpe. Recuperada la respiración y seguramente pensando que ya ha sido demasiado generosa, a cada cual el lugar que toca. Los niveles deben ser respetados.
     De modo que así lo vio Carmen que se reitera agregando alguna que otra floritura, su posición excede con mucho la de Noemí y cuando corresponde lo hace notar. En el acto le pareció que no tenía el mismo aspecto de otros días -explica profundizando la curiosidad y dejando clara diferencias de hondura en las visiones-, apenas entrar notó algo raro, lo percibió más extraño… y eso que ella no es persona de andar investigando la vida de los demás ni siquiera con la mirada, cosas que deja para otra gente. Pero sí, aún sin investigar visualmente lo notó abstraído, como ausente –ésta Noemi no sirve ni para gestionar curiosidades-, quizá un poco más desaliñado… Pero no, no era eso…, tal vez la forma de estar inclinado sobre la mesa, algo pesaroso…, no podía precisar bien la sensación pero distinto. Ella a estas cosas las nota enseguida, conoce a la gente y puede determinar si está preocupada o no, si está compungida o alegre. No va a ser esta chiquilla novata quien le birle a ella el protagonismo.

     Ha sido motivo de rumores diversos desde que se afincó por allí hace meses, vino nadie sabe bien de donde aunque suposiciones hay y han sido objeto de especulaciones múltiples y complejas hipótesis, la imaginación es poderosa en lugares pequeños y –según los hombres- la de sus mujeres podría superar cualquier tamaño.
     Sus estancias en el poblado nunca han pasado de pedir su vino para en media hora saborear con más gusto el segundo en la mesa casi a oscuras del estanco, armar sin prisas su cigarro, encenderlo, pagar y largarse a la casa de las afueras donde se ha instalado. Casa es una manera de decir, de algún modo hay que llamar a esas cuatro paredes sin ventanas que ha ocupado sin reclamo de nadie a unos quinientos metros, solitaria, allá por donde el rio hace un recodo, casi oculta, quizá refugio de pastores hace muchos años, o de pescadores nocturnos cuando el rio todavía traía peces –unas excavaciones cauce arriba los fueron liquidando- y el pueblo cobijaba casi doscientos habitantes, época que sirve a los memoriosos para contar historias a los niños, mitad verdad y mitad creación libre, como les gusta a los pequeños.      
     Ahora el pueblo no llega a cincuenta almas y en menos de una semana hasta los niños supieron de su existencia, desde donde duerme a su silencio espeso cuando se acerca al bar, de su miraba siempre baja hasta como se pierde en el bosque sobre senderos marcados por animales, de sus vinos atardecidos a ese voluntario estar aparte de todo y de todos. Cada quince o veinte días se lo puede ver subir la corta calle cargando a la espalda una bolsa que suponen de víveres, que debe comprar en la ciudad no tan lejana a la que ha de ir caminando, cruzando campos, no hay transporte de ningún tipo que lleve a nadie, cada quien se apaña como puede. Pero el origen del dinero con que compra sigue alimentando sospechas, seguro que algo opaco también se esconde  tras eso.
     Al principio despertó suspicacias, los extraños de extrañas costumbres siempre las liberan y por un tiempo hubo mayores cuidados con gallinas y conejos, pero la falta de señales perversas permitió que a corto plazo se fuera haciendo casi costumbre perdiéndose la curiosidad inicial, aunque no borrando del todo antiguos escrúpulos, por lo que de tanto en tanto sirve para comentarios mujeriles junto a la fuente, cerca ya de mediodía. Frio o calor, la fuente es el lugar  de  los  comentarios,  ninguna  pierde el momento aunque en muchas ocasiones sean repetidos.  Se exprime lo que hay, por poco que sea. Y de faltar ni hablar, no es cuestión de que una ausencia injustificada justifique convertirse en tema. Cosa que, naturalmente, sucede.
     Cargando su -casi seguro- misterio a cuestas, la mayoría de las tardes se sienta a perder la vista en el vino, apenas la levanta para cabecear un saludo silencioso cuando alguien entra a por tabaco o una verdura, o tan solo a verificar la concurrencia (no solo Carmen está adscripta y todo partícipe colabora a la modesta renta de Noemí). Sábados y domingos no aparece, hay misa en la vieja capilla y viene gente de fuera –como si no quisiera verla, o que lo vean, hasta el sacerdote viene de otro pueblo-, propietarios de tierras y ganado que viven en la ciudad y quieren estar al tanto de sus producciones. Los días de semana torna a  sus rutinas, llega al bar cuando el sol empieza a caer y endereza a su rincón, paladea el fin del segundo vaso en tanto lía su tabaco, lo enciende, cuidadoso, paga y emprende la retirada.
     Lo más probable es que tenga un secreto y lo guarde -sobre esto no hay prácticamente dudas, arbitrarias seguridades se han abierto cauce y ya están instaladas como certezas-, nadie a menos que sea un hippie de los que a veces malviven por los alrededores se comportaría así y no tiene trazas de descuido, todo lo más algún día que no se ha afeitado y un asomo de grises le festonea el mentón. El vino da la impresión de aflojarle el gesto adusto pero no la lengua, hay quien no ha escuchado nunca el sonido de su voz. Tampoco nunca ha dicho su nombre  aunque  verdad es que nadie se lo ha preguntado. Para todos, se llama  “hola, don”. Para él, todos se llaman  “buenas…”
     Quizá sea un huido de vaya a saber que cosas –han supuesto desde el principio sólidos presagios de las mujeres-, no se pueden tener seguridades en estas épocas en que tanta gente da la impresión de esconderse. Tal vez un viudo –ha arriesgado Juana en cierta ocasión, asimilando la misteriosa situación a telenovelas que pasan por la tarde-, murió la mujer y escapa de recuerdos o antiguas culpas. O mal separado –la imaginación se dispara, la de Juana es fértil y sus clasificaciones amplias, apela a una abundante hemeroteca mental que cuida con esmero-, la mujer se largó tras descubrir sus amoríos ocultos y le quitó hijos y propiedades, uno no acaba de comprender los comportamientos de la gente. No se le escapa ninguna alternativa de las muy diversas que puede ver mientras plancha.
     Quizá alguien a quien la familia ha expulsado de su seno por oscuros tejes y manejes, estas épocas confusas se prestan a tales situaciones ha imaginado María que no dispone de hemeroteca alguna pero si de una frondosa fantasía, para ser apoyada en el acto por Pepa. María es suegra de Pepa, vive con ella y su hijo. Y además es propietaria de la vivienda, hay apoyos que colaboran a las convivencias.  
     Puede ser…, las familias de ahora ya no son como la de antes… –opina sin mala intención  Leonor y Noemí hace  como que mira distraída hacia el campo aunque ha entendido que  la cosa no va con ella.  Lleva en su haber dos o tres matrimonios por denominarlos de alguna manera, y una reata de hijos-. No ha faltado la que computó como posibilidad que haya sido religioso y la iglesia terminado excluyéndolo por andar con mujeres, por ejemplo…, o algo peor. La iglesia tampoco es como antes.  Verdad es que se puede detectar cierto aire eclesial y mala planta no tiene, aunque eso de que a veces asome una sombra de barba no lo favorece. Pero la hipótesis ha quedado descartada hace tiempo, un sobrino de Carmen que “está en el tema” –sacristán en un convento de la ciudad parece facultad bastante para estarlo- ha hecho las indagaciones necesarias y la deniega.

     Pese a que las suposiciones no son coincidentes –algo que colabora a mantener vigente el asunto- y las opiniones pueden variar a la contraria en diez días –o aún plazos más inmediatos según quien empuñe la alternativa-, la inclinación general lo encuentra culpable de algo, familiar o social. Probablemente -y más, casi con seguridad aunque tal norte no esté confirmado-, de alguna fechoría. Nadie que no tenga en su haber malas andanzas –o cuando menos las haya compartido- puede optar por una vida así, sin las más elementales comodidades y en la soledad más absoluta. La culpa es algo que se desparrama con cierta facilidad, y la curiosidad insatisfecha termina por aparearse rápido con la insidia.

     El par de vinos parecen contentarlo, o relajarlo, es casi una sonrisa lo que aparece cuando al levantarse murmura un  “…noches” hacia los que siguen jugando al mus en la mesa cercana y pasa por su lado al comenzar la retirada. El sonido de los gastados zapatones se pierde al salir, termina de acomodarse el raído abrigo marrón sobre la camisa siempre blanca y bien planchada –detalle que no pasa desapercibido al avizor ojo de las mujeres-, se alisa el pelo entrecano quizá un tanto largo, cala la boina con esmero al cruzar la puerta, aspira de pie el fin del cigarro para aplastarlo luego sobre las piedras, y con sus largos trancos desaparece en la semi oscuridad de la noche que ya se está viniendo encima.
    Hace cosa de dos meses Tito -carnicero del pueblo, tertuliano habitual de las tardecitas y de cuanta ronda de orujo le sale al cruce en el estanco- se acercó para invitarlo a jugar una partida de ajedrez.  Sorprendido, apenas levantó la vista con gesto de extrañeza para agradecer con alguna timidez y justificar “no se jugar”, que se entendió no querer estar con nadie ni que lo inviten a nada. Ese día, incluso, hizo más corta su estancia, tomó el segundo vaso con solo un par de tragos y ni tiempo se concedió para armar su cigarro. Y se largó. Desde entonces nadie ha vuelto a acercársele, aunque el hecho –naturalmente comentado- dió pasto durante varios días al mentidero junto a la fuente. Tito no insistió pero tampoco se sintió molesto, es hombre que en su sencillez sabe entender mensajes sin que se los deletreen, escucha los rumores que arrastra el viento entre los peñascos, habla con los pájaros y la tierra, losbulets y las higueras. Pocos son los contertulios que no creen cuando cuenta que los frutos le dicen que ya están listos para ser cogidos.      
     Ayer –tarde algo ventosa, precisa como si las demás no la hubiera vivido-, ni se volvió en el momento que Carmen entró, y probablemente eso fue lo que le llamó la atención –insiste, es el fondo de la atención del día y lo va a aprovechar, la novedad, tal vez lo sorprendente que tiene a todas desarrollando conjeturas y contabilizando posibilidades-, ni miró como hace siempre cuando la cortina se mueve y alguien llega.
     Siguió concentrado en su vino –relata Carmen con cara casi de susto ahora-, semi oculto en la penumbra, el vino por la mitad, la mano tal vez un poco  temblorosa –no se corta ambientando, tiene a todas picoteando en la palma de su mano-, día que no se había afeitado –o al menos eso le pareció, debe recordarse que fue apenas un limitado vistazo-, el pelo acaso demasiado largo y un poco más descuidado que otras veces, tal vez excesivamente encorvado sobre la mesa. O quizá fuera el modo en que aferraba el vaso, casi con fuerza. increíblemente no da precisiones sobre si la camisa estaba recién lavada. Y todo esto –también reitera, previniendo que vaya a pensarse mal- apenas con una ojeada casi descuidada, que ella no es de andar indagando sobre nadie ni siquiera con la vista.
     Prepara el final, solo alcanzó a percibir la cara pero por algún motivo que se le escapa parecía extraña. Algo fue lo que le llamó la atención, algún detalle –tal vez intuición, a eso sí que no va a dejarlo para otra gente- y por eso dijo en voz alta "¡Buenas tardes...!”, y fue entonces que lo vio, eso la dejó de piedra, porque aunque no terminó el gesto de cabeceo seco, los ojos asomaron. Y ella, entonces, lo vio llorar.                                                                                                    
                                         Carlos Enrique Bischoff