sábado, 20 de outubro de 2018

O macartismo que perseguiu Charles Chaplin e o anticomunismo de hoje.

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O macartismo que perseguiu Charles Chaplin na Guerra Fria e o anticomunismo (anti-PT) no Brasil de hoje.

"Antes un final terrible que un terror sin fin", escribe Marx en El 18 Brumario de Luis Bonaparte, refiriéndose a la desesperación de los opresores, que en algún momento deciden apostar todo en un "salvador de la pátria", aunque se trate de un aventurero, un Jânio Quadros, un Collor, ou un capitão-de-mato sem educação, preparación ni capacidad de controlar ni sus tres "cuadros" partdarios, que cada vez que abren la boca dicen algo más descabellado que la vez anterior.


O anticomunismo de Bolsonaro e de Mourão (e da centena de militares que o seguem no congresso, governações e nos cargos que pretende preencher no seu hipotético governo), o ódio absurdo da classe média deslumbrada ao socialismo, igual que o velho macartismo, se explicam no desespero das classes dominantes, que não tem resposta, não tem alternativas à sociedade de bem-estar, que é issoe apenas isso que a socialdemocracia de esquerda do PT propõe. 

E Marx explica:


“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado” C. Marx.
“Eu, pelo contrário, demonstro como a luta de classes na França criou circunstâncias e condições que possibilitaram a um personagem medíocre e grotesco desempenhar um papel de herói”. Marx.

"Hegel observa que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa". Marx. 18 Brumário.

O anticomunismo cresceu no Brasil nos últimos 5 anos mais do que nos anos anteriores ao golpe de 1964. 
O Macartismo -ou anticomunismo dos anos 50 e 60, com nome e sobrenome- foi um polêmico movimento político norte-americano para tentar combater o comunismo nos EUA nos anos 1950. 

Embora isso permitisse violar o direito civil à opinião política, previsto na Constituição, e motivado pela paranoia da Guerra Fria, entre EUA e URSS, o macarthismo foi personificado pelo senador republicano Joseph McCarthy – daí o nome.


Como cabeça do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado, McCarthy cometeu diversos abusos: autorizou quebras de sigilo, violou fundamentos legais (como o direito à ampla defesa), pressionou interrogatórios e divulgou listas de supostos adeptos do comunismo que deveriam sofrer todo tipo de sanção – mesmo sem mostrar em momento algum provas definitivas.
O ator e diretor britânico Charles Chaplin foi uma das pessoas que sofreram duramente com o macartismo.

No Brasil, seguindo as ordens do Big Brother, foram produzidos "O Brasil precisa de você” e “A Máquina Comunista”, dois documentários de teor antissocialista. A mensagem de ambos é quase a mesma: “há um perigo iminente que precisa ser extirpado. Caso contrário, o Brasil caminhará para uma ditadura totalitária e sanguinária.” A corrupção, a desordem e a crise econômica e institucional seriam as provas inequívocas da ameaça que ronda a sociedade.
No primeiro caso, “O Brasil precisa de você”, o narrador convida direto o telespectador, chamando-o a participar de forma ativa na sociedade. A missão proposta seria a conformação de uma “nova democracia” no Brasil.
No segundo exemplo, “A Máquina Comunista”, a narrativa é semelhante. O documentário inicia com a fala de um sujeito, Ricardo Gomes (apresentado como empresário e advogado), afirmando que o projeto marxista é inverter a classe exploradora. 
E, para isso, “eles estariam tomando o Estado por dentro”. E o empresário alerta: “espero que ainda não tenhamos passado pelo point of no return, do estado de coisas além do qual é impossível voltar”.

Esses dois exemplos, apesar das suas grandes semelhanças, não são contemporâneos. Não foram feitos pela Editora Abril, nem pela Rede Globo ou por qualquer órgão tradicional da imprensa. Muito pelo contrário, há mais de cinquenta anos separando a primeira película, produzida pelo IPES, órgão criado em 1962 por empresários para financiar a propaganda anticomunista; do segundo caso, retirado de uma de uma série de cinco documentários, lançados ano passado, num evento intitulado “Brasil Paralelo”.
Segundo os organizadores, esse “congresso virtual” foi realizado por jovens cansados de “ouvir sempre o mesmo lado de história”. Eles seriam os pioneiros de uma revolução intelectual que iria devolver a “verdade sobre o nosso povo”. Escondida pelos professores e pela mídia, “infestadas de esquerdistas”. “‘O Brasil Paralelo’ se propõe a trazer outra versão da história do Brasil. Após muito trabalho. Noites sem dormir. Viagens exaustivas. Colocamos dinheiro do nosso próprio bolso. Assumimos o risco.”

Esse é o liberalismo, em suas versões neo-liberais ou lumpem-capitalistas e suas opções lumpem-burguesas. 
Mas, e o comunismo, que?


O comunismo no Brasil:

Seria longo e chato -daria um par de livros de não menos de 400 páginas cada um- detalhar o que aconteceu com o comunismo e seu devir em socialdemocracia de esquerda (PT, PCdoB, e PSOL) e socialdemocracias de direita (PSDB, PSB e PPS), sem falar das opções menores, que vão num arco do trotskismo tradicional que vem da Argentina (PSTU e PCO) até o neo-estalinismo leninista do PCML.

Ferozes anticomunistas, os neoliberais que já foram socialdemocratas de centro e passaram (igual aos seus antecessores alemães antes da catástrofe nazista, entre a Weimar de 1919 a 1930) radicalmente à direita, se aliam aos liberais e a ultradireita - hoje cristalizada em Bolsonaro e o Centrão que o apoia- com um único fim: destruir o PT e o PSOL, que tem crescido exponencialmente a custa da sua prédica democrática radical, e preparar o desmonte dos movimentos sociais do MTST, MTS, as centrais sindicais da esquerda CUT e outras, e os movimentos estudantis dirigidos pelo PCdoB, o PT e o PSOL.

Mas acontece que o velho comunismo (talvez o de Prestes), o da expropriação do grande e médio capital e latifúndios, o do armamento do povo e a democracia direta das assembleias de trabalhadores, esse não existe mais, a não ser em grupos menores, como o PCO e o PCML.

O anticomunismo posterior à Guerra Fria é, no Brasil, apenas o sonho da destruição do PT e das esquerdas, nada mais.

Ver mais em: https://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com/2016/04/o-fato-maldito-chamado-lula-e-o-petismo.html

JV, São Paulo, 20 de outubro de 2018.



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