terça-feira, 27 de junho de 2017

O povo tem o governo que merece?

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"Somos ricos, somos cultos. Fuera los imbéciles corruptos". Este era el grito de guerra de un grupo de médicos que protestaba el martes 30/07/2013 en frente al Ministerio de la Salud, en Brasília, segun contaba el diario "O Globo".

Poco cambió, no solo entre la "clase" médica - específicamente aquel sector que prefiere concentrar su "acción humanista" entre los 5 o 6 grandes hospitales de la Avenida Paulista, o apenas entre los otros 10 o 15, ya no tan de primera línea, en las siete principales capitales del país. Casi nada cambió, al contrario, empeoró desde 2013, auge de las manifestaciones populares que fueron rápidamente copadas por los sectores más activos de las clases medias, arrastrando de inmediato a los emergentes, salidos de las clases C y D, y que sacaron la base de sustentación de Dilma y del petismo.

Empeoró porque, a los apelos golpistas de Aécio Neves y Aloysio Nunes, perdedores del pleito de octubre de 2014, siguieron las arremetidas furiosas de Cunha y su tropa parlamentar de derecha - que arrastró al centro ("Centrão" de partidos nanicos y de alquiler) y al conjunto del PMDB hacia el golpe de abril de 2016.

Ahora, a la ceguera de la clase media emergente y sus lideres, la "intelectualidad" de la pequeña burguesía, se la corona con una frutilla en la torta de la ingenuidad: las intenciones de voto del fascista Bolsonaro, 2º colocado después de Lula en los pronósticos para 2018.

Para el diputado Miro Teixeira, del partido Rede de Rio de Janeiro, los diputados de la base gobernista (el mismo "Centrão" de partidos nanicos y de alquiler, y un importante sector del PMDB), con el apoyo del PSDB, van a salvar a Temer de ser retirado del cargo y procesado por el Supremo Tribunal Federal porque gran parte de ellos también están enroscados en la Operación Lava Jato.

Teixeira votó a favor del impeachment de Dilma y dice que va a votar contra Temer. Sin diferenciar una situación de la outra, reconoce que, como ahora las calles están vacías (aunque se olvide que hay millares de pequeños y grandes conflictos sindicales y sociales a lo largo y ancho del país), la oposición no va a conseguir los 342 votos que se necesitan para sacar del poder a Temer.

El diputado Bonifácio de Andrada, del PSDB, por su parte, dice que Temer se va a safar con más de 200 votos. Para él, la Cámara va a apañar la corrupção porque es “la representación del pueblo”, y si “los diputados no son santos (…), el pueblo tampoco es santo”. 

Falta en los cálculos de estos señores la creciente disposición popular a luchar, por ahora en miles de conflictos sindicales y sociales dispersos, dentro de poco en las calles. Y falta, claro, una alternativa de izquierda más fuerte que el aglutinado de PT, Psol, centrales sindicales y movimientos sociales.
JV.

O povo tem o governo que merece?

Um velho ditado liberal diz que cada povo tem o governo que merece. Como passei longe dessas doutrinas, sempre tão “modernas” desde o século XVIII e XIX, prefiro achar que cada povo tem o governo que pode, segundo cada circunstância histórica. 
Porém, há governos, como o de Temer, ou os seus antecessores de 1964 a 1985, que são apenas a imposição de grupos sociais poderosos, minoritários ou apoiados em grandes faixas das classes médias, como o que sofremos nos dias de hoje, ou uma combinação de ambos.

O PSDB – partido que mais lutou e luta para representar essas classes médias mais conservadoras e temerosas de cair nas depressões econômicas cíclicas do capitalismo paga hoje com o desprestígio eleitoral, por causa das alianças com o PMDB, do qual se fracionou em 1988. 
Na época, enroupado em vestes social-democratas, o PSDB até disputou contra o PDT de Brizola o assento brasileiro na Internacional Socialista.

Hoje, mais perto do DEM – a fração mais liberal do PDS de Maluf e filho do Arena da ditadura– que das suas origens, o PSDB é controlado por um consórcio de caciques entre os que se destacam no momento a turma do Alckmin e seu sócio traidor, o prefeito Dória, aliada ao obscurantismo do Opus Dei e outras forças medievais, e até mesmo a setores neocapitalistas, vinculados a facções criminosas como o PCC. 

O liberalismo pragmático dos velhos social-democratas franceses e alemães tomou conta do partido do FHC e ele é hoje o que mais confiança desperta nas forças reais do capitalismo nativo, a Fiesp e a FeBraBan, a CNA e os ruralistas, as empresas do agronegócio, a Globo e as classes médias urbanas que as seguem, esperançados em colher algumas migalhas do banquete dos poderosos. 

Pelo outro lado, o dos oprimidos e condenados pelas injustiças do sistema, há ainda um partido e vários movimentos sociais – estes, a meu entender, mais fortes e com mais sensibilidade que o próprio partido-, o PT e as juventudes de esquerda que, sendo o Lula condenado ou não, sendo preso com provas contundentes ou sem elas, sendo barrado das eleições de 2018 ou não, não vai morrer. Há ainda em torno desse núcleo das esquerdas, uma ampla faixa de políticos honestos –alguns poucos ainda no PMDB, no PSB e na Rede- dispostos a levantar bandeiras democráticas, de um certo nacionalismo desenvolvimentista, que também representam vastos setores, hoje calados, da classe média progressista.

Cabe remarcar, sempre, para não cair nas arapucas dos mitos liberais do individualismo (que centram a história em pessoas e suas ações individuais, e não em povos), que mesmo se o Lula vier a ser condenado sem provas, e impedido de se apresentar no pleito de 2018, o vácuo será tão grande que, junto com novas opções à esquerda, crescerão os oportunistas, "salvadores da pátria", sejam eles ao estilo Moro, Bolsonaro ou Marina da Silva. 

O que sim, é inegável, é que o caudal de votos do PSDB caiu, por ter insuflado o ódio social patrocinando movimentos de direita – MBL, Vem pra Rua e outros organizadores da manifestações que deram base ao impeachment de Dilma-, e por ter participado com Serra, Imbassahi, Araújo, Etchegoyen e Aloysio Nunes no governo Temer. E essa direita fascistoide que o PSDB chamou para o golpe agora cresceu e leva votos, impensáveis um ano atrás, para Bolsonaro e sua base neo-pentecostal.

Os povos que pariram os Lulas, tarde ou cedo vão parir outras figuras e expressões, sempre e quando a situação estiver madura para isso. E se não ou se, pior ainda, o Lula terminar condenado com provas reais e inquestionáveis, o que hoje parece muito duvidoso- nada impedirá que o enorme caudal popular do PT se transforme em algo melhor, ainda mais popular, revolucionário e ético. 

A Velha Toupeira não se deprime, não chora, não vai embora do país.

Em tempos de intolerância, de retrocesso e conservadorismo como o que vivemos, o mínimo avanço na igualdade de direitos tem que ser festejada como um modo de impedir o crescimento dos Feliciano, Bolsonaro, Cunha, Malafaia e demais profetas do atraso. 
O PSDB abriu as portas para esses emissários do demônio. As esquerdas vão ter que fechá-las.

Javier Villanueva. São Paulo. Junho de 2017.

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