sexta-feira, 5 de abril de 2019

Aos Justos Entre As Nações


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Nos muitos países que sofreram ditaduras atrozes há sempre memoriais ou museus que lembram à humanidade do horror para que isso não se repita. São lugares sagrados, não pelo aspecto religioso ou laico do lugar, mas pelo sofrimento, as dores, os horrores que se expressam neles. Há no Chile, na Argentina e Uruguai, e claro, em meia Europa e em Jerusalem. Não podem ser maculados, menos por um fascista convicto que não acredita nos direitos humanos. (JV)

Um belíssimo texto de uma amiga da amiga Adriana Gragnani. O perfil dela não é público mas autorizou a divulgação. Assim, encaminho para algumas pessoas selecionadas.

Aos Justos Entre As Nações

O Museu do Holocausto (Yad Vashem) não é apenas um monumento para recordar as vítimas do Holocausto, é também o lugar de homenagear aqueles que desobedeceram as ordens, as leis, o regime, para salvar vidas: os Justos Entre as Nações.
Quando um ser humano que denigre negros, mulheres, homossexuais, transexuais, índios, pobres, e tantos outros quanto forem necessários ao seu projeto de poder, entra no Museu do Holocausto está conspurcando, num sentido nada religioso, a memória de vítimas e heróis. Mas não só a deles.

Esse mesmo ser humano elegeu um torturador como seu ídolo e comemora o Golpe de Estado de 1964 no Brasil que manteve uma ditadura no poder por 21 anos.
Quando esse ser humano, indigno do solo reservado à memória de vítimas e heróis, junto com seu aparato político-econômico-social-cultural usa dessa visita para negar a História, distorcendo fatos para atingir o seu adversário real e irreal, ambos chamados de esquerda, cabe a cada ser humano ser um justo entre as nações.

Não se trata de salvar a memória apenas do Holocausto, mas de salvar a memória da Humanidade. Essa Humanidade que mal consegue se reinventar a partir da grande barbárie promovida pelo nazismo, regime de ultra-direita. Essa mesma Humanidade que se esquece periodicamente do massacre dos nativos americanos, do horror da escravidão perpetuada por séculos e que ainda não conseguiu ser erradicada do mundo, do massacre de curdos, das torturas da Inquisição, e de tantas outras atrocidades.

É preciso, urgentemente, que possamos defender a História, em todo seu horror, se necessário, Não se trata de brasileiros ou judeus, israelense ou o que seja. Esse senhor conspurcou a memória de nossa Humanidade.
Tenhamos a coragem e dignidade dos Justos entre as Nações, ou joguemos imediatamente pela janela, no rio profundo do esquecimento, a nossa possibilidade de sermos um dia Humanos.

Anette Lomaski

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