domingo, 29 de março de 2020

A Peste. 2024. Parte 4.

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A Peste. 2024.
Parte 4.
Os longos 18 meses, de agosto de 2020 até finais de 2021, não tinham sido nada fáceis para Jorginho.
Bom, nem para o Jorge e seus colegas de apartamento, nem para os 12 milhões de paulistanos e os 220 de brasileiros, sem esquecer dos bilhões de humanos que, temerosos do Vírus, passaram a mudar suas rotinas de um modo radical.
Mas para Jorge, esse ano e meio tinha sido o período da paranoia em relação aos jovens e a violência destes contra os velhos e até os supostos velhos, acusados de serem os causadores da peste que assolava o mundo.

                              “¡Al altillo, hermano, al altillo! –dijo excitadamente Faber, asomando la canosa cabeza por la puerta que Vidal había entrabierto.
-¿Qué pasa? –preguntó Vidal. Interpuso el cuerpo para que el otro no viera a Nélida.
-¿No oyó las descargas? Uno se creía en el cine. Usted no ha de ser de sueño liviano, don Isidro. Lo que es yo, aunque me estoy quedando sordo, cuando duermo ¡tengo un oído! Empujaba por entrar, como si maliciara algo o hubiera entrevisto a Nélida. Vidal sujetó con una mano la hoja abierta y se recostó contra la otra.
Declaró: -Ni pienso ir al altillo. Faber retomó su explicación: -Como se encontraron con la puerta cerrada –ahora el encargado mete candado y llave –quisieron abrirla a balazos. Menos mal que apareció un patrullero de esos que hacen bandera para que se diga que el orden está asegurado. Pero prometieron volver, don Isidro. Si no me cree, pregunte a los otros.
Todo el mundo oyó. –Le participo que me quedo en mi cuarto. Para empezar, no me considero viejo.
–Está en su derecho, señor –convino Faber, pero más vale pecar de prudente.
–Y después no me asustan. ¿Cómo me va a asustar la muchachada del barrio, unos pobres infelices que estoy cansado de ver desde que tengo uso de razón? Esa muchachada también me conoce y sabe perfectamente que no soy un viejo. Le doy mi palabra: ellos mismos me lo han dicho.
–Los que prometieron volver no son del barrio. Son del Club del Personal Municipal. Se incautaron de los camiones de la División Perrera y recorren las arterias de la ciudad, a la caza de viejos que buscan en sus reductos domiciliarios y se los llevan de paseo, enjaulados, en mi opinión para escarnio y mofa.
-¿Qué les hacen después? –preguntó Nélida. Estaba detrás de Vidal. Éste pensó: “probablemente Faber le ve los brazos”. –Hay quienes pretenden, señorita, que los exterminan en la cámara para perros hidrófobos. Al gallego encargado, un paisano le aseguró que abren las jaulas al llegar a San Pedrito y que los abandonan después de correrlos a lonjazos en dirección del propio cementerio de Flores. Nélida ordenó a Vidal:
-Cerrá la puerta. Vidal cerró y dijo: -Está loco. No voy a subir al altillo, con los viejos. –Mirá -aconsejó Nélida, yo, si fuera vos, me escondía esta noche, y me iba mañana, en la primera oportunidad. -¿Me iba, dónde? –A la calle Guatemala. Te venís conmigo, ¿no quedamos en eso? Tratá de no llamar la atención y después, que te descubran, si son brujos”.


Jorge tinha lido "La Guerra del Cerdo" na adolescência, e a releu muito tempo depois, aos quarenta ou quarenta e cinco. O romance não era nem um pouco simpático com a velhice, à qual apresenta como o lugar de tudo o que é repugnante, de todo o desvaído e a antessala da própria morte.
Aos personagens “velhos”, incluído o próprio Vidal entre eles, lhes custa reconhecer-se como tais, e mostram seu ódio e rejeição a tudo o relacionado com a velhice.


Mas Jorginho também pensa que Bioy Casares descreve os jovens como seres violentos e descerebrados, que realizam seus atos sem saber quais sequer são os motivos que os justificam.
E Jorge não pode deixar de pensar nos jovens partidários do Pequeno Ditador derrubado e das hordas verde-amarelas que exigem, agora clandestinamente, a urgente intervenção dos militares.

Mas o Jorginho prefere trocar de pensamentos, e da lembrança sombria das hordas de fanáticos apoiadores do presidente derrocado passa, quase sem dar-se conta, às recordações da sua nunca esquecida Roberta.

E outra vez se figura na pele de um atrapalhado Florentino Ariza, que, mais que desastrado, vai ao velório do marido da sua amada para dizer: "Fermina, eu tenho esperado esta ocasião durante mais de meio seculo, para repetir mais uma vez o juramento de minha fidelidade eterna e meu amor para sempre". À sensação da perda inesperada de Roberta, Jorginho a compara e equipara à vergonha súbita que Florentino Ariza deve ter sentido ao perder sua amada Fermina.


Mas, deveria desistir? Nunca! se o Florentino teve a coragem de ir até o fim, insistir e persistir, com carinho, respeito e paciência, e ao fim conseguiu seu objetivo, por que ele não poderia?
Mas era melhor pensar nisso mais tarde, quem sabe alguns dias depois. A abertura depois da quarentena de quatro anos recém tinha acabado de começar, e o mundo era uma criança.

Continuará.
JV. São Paulo, agosto de 2024.

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