segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Poco a poco, Paco Peco, poco pico.




A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e atividades ao ar livre


Poco a poco, Paco Peco, poco pico.

Ontem víamos em Buenos Aires, num dos bairros da classe média da capital portenha, como o governo argentino começa a perder a sua base social e a enfiar os pés pelas mãos. Matar mapuches parecia ser mais fácil que meter-se com os aposentados, que incluem todas as classes trabalhadoras.

Enquanto isso, no Brasil, uma nova leva de carpideiras – são muitas, as da direita que choram pela ditadura, as da “esquerda traída pelo PT”, que chora pelos sonhos que tiveram de umas promessas de revolução que o Lula nunca fez, e que agora engrossam o coro da direita ou dos “sem partido”; e ainda as carpideiras bicho-grilo que acham que são de esquerda, mas cultuam a síndrome do vira-lata que inveja “a raça (espanhola?) dos argentinos”.

A suposta “espanholidade” dos argentinos que viria a explicar sua decisão de luta é um mito, dos mais infames. Mais um dos tantos mitos vira-lata. Só que dessa vez gerado em certa parte da esquerda, aquela em que convive o pensamento liberal individualista do bicho-grilo, aqueles que os velhos da luta armada dos anos 70 chamavam de “desbundados”, talvez exagerando um pouquinho nas tintas.

Vejamos: um 54,5% dos eleitores que votaram em Dilma em 2014 são menos de 25% da população. E com certeza que os 2 milhões que saíram às ruas contra ela e o PT (um 1% da população ou 2% dos eleitores) estão mais ativos e decididos que o 25 a 35% histórico da esquerda. O povo trabalhador não liga para estas estatísticas, claro, porque já sabemos que as crises são momentos em que sobem à superfície de um modo mais explícito todas as contradições sociais. É durante essas crises que as pessoas percebem mais claro o que antes estava tapado pela manipulação dos meios e pelo capuz  ideológico das classes dominantes, e às vezes pelas próprias capas médias, como acontece agora com esse 48% que votou no Aécio e aplaudiu em grande parte o golpe. Nas crises os trabalhadores aprendem em alguns poucos dias de luta muito mais que em anos de calmaria, de refluxo ou de reação; as manifestações, as greves, as batalhas cotidianas nos locais de trabalho, bairros, escolas, igrejas e clubes ensinam muito mais que o aprendizado formal de toda uma vida.
Desculpem, mas não aceito mesmo o tal mito de “o argentino é mais lutador”, e menos ainda quando vem salpicado do viralatismo “genicista” que repete a velha ladainha de "portugueses preguiçosos" e "espanhóis lutadores e valentes". 
Por ser argentino e sabendo o que foi a luta contra duas ditaduras, não concordo com o tema do componente étnico ou genético em relação à capacidade ou velocidade para reagir social e/ou politicamente. Os argentinos somos mais índios e italianos do que espanhóis, que eram muito pouca gente na época da colônia e ainda menos na enorme imigração de 6 milhões de europeus entre 1850-1955. Ou seja, o "sangue quente" não se sabe de onde poderia vir, se esse fosse um motivo.

Pode-se alegar que dentre a massa enorme de italianos (mais de 3 milhões) havia mais anarquistas e socialistas que nos 1,5 milhões que aportaram no Brasil; assim como muitos comunistas entre os poloneses e judeus, também em maior número lá do que aqui nos trópicos. Sim, isso deve fazer alguma diferença, claro. Mas não é pela composição étnica que se definem as capacidades de um povo para reagir à exploração, e sim por um conjunto de fatores históricos e políticos. 

O povo brasileiro tem uma coleção até maior que a do argentino na lista de revoltas, revoluções, levantamentos e lutas de resistência (*) que a dos povos argentino, uruguaio ou chileno. Poderão me dizer que muitas dessas revoltas foram religiosas, ou reacionárias, como a da Vacina e a do Juazeiro. Não importa, até agora não se lutou aqui pelo socialismo, nem ao votar o PT e o Lula, e sim por reformas possíveis dentro do capitalismo, como a Reforma Agrária. 
O que sim é diferente é o histórico das guerras da independência, onde o povo participou ativamente nesses países hispânicos contra o dominador espanhol, coisa que quase não houve no Brasil. Ou da diferente história de resistência dos povos nativos, posto que os índios patagônicos - Pampas, Tehuelches e Mapuches- resistiram até hoje aos avances da "civilização", primeiro a espanhola, e depois a chilena e argentina. Fato explicado até porque nos pampas extensos, os espanhóis, distraídos eles, "esqueceram" algumas vacas e cavalos que, reproduzidos de a milhares, deram armas e cavalgaduras de guerra e alimentação extra e inesperada aos Patagônes, que resistiram mais e melhor que Astecas e Incas. 

Mas a luta dos quilombolas, por exemplo, já de por si seria um elemento de compensação enorme a isso que comentei antes sobre os nossos indígenas patagônicos. Não, nem o sangue lusitano é ruim, nem o espanhol - o pouco que corre nas veias argentinas- é explicação e sim os momentos sociais e políticos que cada povo vive.

As épocas de reação e refluxo como a que sofremos hoje registram diversos motivos, que tem a ver com esse 40% das classes médias aplaudindo à direita, e com o desconcerto das classes trabalhadoras mais pobres pela rapidez das manobras e chicanas “legais” que arrancaram seus direitos, assim como a  falta de vanguardas sociais e políticas aguerridas, que também não nascem em provetas nem chocadeiras. Em fim, não é a etnia dos povos o que marca sua capacidade de lutar: o Brasil, repito, tem uma lista mais longa e sofrida de revoltas, levantamentos e guerrilhas populares do que a do povo argentino, que sofreu seis golpes militares no século XX, cada vez mais sangrentos, justamente porque havia - e ainda há- uma classe média confundida, torcendo contra os trabalhadores e uma classe operária cansada e desiludida, como em meados de 1975, antes do golpe genocida de 1976. Já aguentamos Menem e De la Rua até estourar em desespero em dezembro de 2001. Quando os deputados argentinos da oposição dizem "não somos Brasil", estão se referindo ao golpe, ao governo usurpador, e não tirando sarro do povo brasileiro.
JV. Dezembro de 2017.


(*) Para mencionar apenas as mais conhecidas: Revolta da Armada, e Revolução Federalista de 1893, migrando do Brasil ao Uruguai e implicando mais de mil marinheiros e soldados. A Guerra de Canudos, de 1896 a 97, com mais de 25 mortos do povo mais miserável. A Revolta da Chibata, de 1910, semelhante à do Encouraçado Potemkin na Rússia revolucionária. Revolta do Juazeiro, em 1914. Guerra do Contestado, entre 1912 e 16. Movimento Tenentista, em 1922 e Coluna Prestes, até 1927. Guerrilha do Araguaia, entre finais da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Os afroargentinos. 2ª parte.



Veja a 1ª parte em:
http://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com.br/2015/11/sabian-el-8-de-noviembre-es-el-dia.html

Os afroargentinos. 2ª parte.

Quando cheguei ao Brasil, me perguntabam se era chileno.   - Não, por que? respondia eu. - Porque você é moreno, os argentinos são loiros, era o que ouvia, dia sim, dia não.

Esclarecendo, como sempre, com um pouco de história: em 1810, início da revolução e da luta pela independência, a população total da atual Argentina era entre 500 e 700 mil habitantes,​ casi totalmente indígena, afroargentina e mestiça de ambas as origens com uma minoria espanhola. 

Entre 1850 e 1955 Argentina recebeu uma enorme massa humana de imigrantes ultramarinos, a maioria europeus, mas também uma grande quantidade da Asia Ocidental - sírios, libaneses, armenios, palestinos e turcos-. Argentina foi um dos principais países receptores de la gran corriente emigratoria europea, árabe e judia que somou uns 6 milhões de imigrantes, o segundo maior fluxo mundial depois dos EUA. É o que na Argentina se chama de "crisol de razas" ou "melting pot".

E os negros? uma teoria diz que o embranquecimento" teve a ver com as guerras da indepêndencia, as longas guerras civis e a Guerra do paraguai, em que a vanguarda dos batalhões eram de "morenos" e "pardos".
Mas ainda vejamos que o país -hoje um só, apesar das "rachas" - la grieta- políticas e ideológicas históricas- continua refletindo os antigos quatro países, que tanto insisto em lembrar ao falar do tema "Mapuche-Benetton-nazistas". 
Antes de 1878 havia 4 países: dois deles com origem "criollo" (espanhol americano), um no porto - dai o "porteños"- logo depois de 1853 com o país mais ou menos unificado nessas duas frações, como Capital Federal- e o outro os dos "federalistas", províncias do centro-norte-este e leste, incluindo o atual Uruguai, inimigos de Buenos Aires. Os outros dois países eram a Patagônia Tehuelche, Pampa e Mapuche, ao sul; e o NE guarani, sem controle central de Buenos Aires e aliado histórico (até a Guerra do Paraguai) dos federalistas e do próprio Paraguai.

Como se define a população argentina hoje em termos de etnias ou origens? 

a) Na región central do país, donde se concentra a maioria da população nacional, a ascendência se compõe principalmente de imigrantes italianos e españoles chegados durante a grande imigração de 1855-1950. Em menor medida existem colonias e comunidades consideráveis de paraguaios, franceses, alemães, poloneses, bolivianos, uruguaios, judeus, ciganos e árabes. A região tem um predominio de ascendentes europeus, que desde meados do século XX, vem reduzindo lentamente com o aumento dos compoentes indígena e africano e suas mestiçagens, devido à maior presença de migrantes internos provenientes do norte o de países sudamericanos. Estes setores são predominantes nos municípios do oeste e sul do conurbano industrial de Buenos Aires, que constituem a maior concentração urbana do país.

b) Na região noroeste do país a população com antepassados indígenas andinos, ou espanhóis e africanos chegados durante a colonia, é proporcionalmente maior que a média nacional, em parte porque era a região mais povoada antes e durante a conquista espanhola, em parte porque recebeu uma parte menor da grande imigración européia.

c) Na región nordeste há também uma maior proporção de descendentes de Guaranis chaco-santiagueños e de africanos, vindos dos quilombos brasileiros e descendentes de prisioneiros brasileiros negros durante a invasão do Império ao Paraguai. Também se fixaram ali importantes colônias polonesas, ucranianas, alemã, croatas, sérvias e russas, sobre tudo em Misiones e Chaco.

d) A populación atual da Patagônia se formou a partir das etnias que habitavam no território, principalmente das nacçôes Mapuche, Ranquel e Tehuelche, combinado das correntes migratórias internas chegadas da região pampeana, além també da influencia da imigração galesa, suiça, alemã e chilena.

Mas, voltando aos afro-argentinos: em 2006, houve um censo piloto nos bairros de Monserrat, Buenos Aires, e em Santa Rosa de Lima, província de Santa Fe, que revelou que um 5% da população argentina sabia que tinha antepassados trazidos da África e que 20% considerava que devia ter ancestros negros mas sem certeza. 
O estudo, feito pelo Centro de Genética da Faculdade de Filosofia e Letras de Buenos Aires, estimou também que 4,3% da população de Buenos Aires tinha genética africana. 
Na região de La Plata, as contribuições européia, indígena e africana foram respectivamente de 67.55%, 25.9%, e 6.5%. 
Em Mendoza, o estudo genético encontrou a seguinte composição autossômica (DNA herdado tanto por parte de mãe quanto por parte de pai e que permite inferir toda a ancestralidade de um indivíduo): 46,80% de origemeuropéia, 31,60% indígena e 21,50% africana. 
Em Santiago del Estero foi encontrada uma origem africana de 23,6%, em Catamarca de 18,7% e em La Rioja o estudo genético autossômico de 2011 deu 10,1%.
Ou seja, nem eu, nem a grande maioria dos argentinos, ficamos fora da carga genêtica indígena e africana, além da espanhola "criolla" e o acréscimo europeu, judeu e árabe.

E o amigo Adrián Pablo Fanjul nos lembra hoje dessa "invisibilidade ideológica" que quer extinguir o negro e o índio e lembrar só do loiro de olhos claros. 

Ô besteirol "tilingo" da dona Mirta Legrand!

Leia um pouco mais em:
http://javiervillanuevaliteratura.blogspot.com.br/2015/11/sabian-el-8-de-noviembre-es-el-dia.html

Javier Villanueva, Foz do Iguaçu, dezembro de 2017.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Combatientes negros en la Independencia del Perú

20140428-fierro.jpg

Acuarela de Pancho Fierro

Combatientes negros en la Independencia del Perú

José Gil de Castro nació en Lima, Perú, en 1785 y murió en la misma ciudad, alrededor del año 1850. Fue hijo de esclavos, nacido libre. Durante la guerra de Independencia, alcanzó el grado militar de Capitán de Milicias en Trujillo.

"Mulato Gil”, apodo con el que se le conocería en Chile, es el más importante artista afrodescendiente de América Latina. Inició su formación artística, en el taller de Julián Jayo, y prosiguió luego en Lima, en la Escuela Pública de Pintura, donde recibió clases del español José del Pozo. 

Pasó etapas de su vida, entre Lima y Chile, donde se casó con una española. Fue nombrado Pintor de Cámara del Gobierno Peruano. Por su destacada labor como retratista y pintor, en Chile, el Cabildo de Santiago le otorga el nombramiento de Maestro Mayor del gremio de pintores y, aprovechando su experiencia militar y su alto conocimiento de dibujo, cartografía y cosmografía, es integrado al naciente ejército chileno, como miembro del cuerpo de ingenieros con el grado de Teniente y luego de Capitán del Batallón de Fusileros. 

O’Higgins le otorgó la condecoración “Al Mérito”, en el grado de legionario. José Gil de Castro, asumió el papel de testigo ocular de la Revolución en Latinoamérica, a través de retratos de los personajes que encarnaban los nuevos ideales. Los convirtió en modelos que pasaron a la historia como héroes. 
En Chile es considerado como el Padre del Género Retrato. 

El Inca Garcilazo de la Vega, sostiene en sus escritos, haber conocido en el Cuzco, al negro Guadalupe, un caudillo que comandó en el primer cuerpo de soldados negros durante la rebelión de Francisco Hernandez Girón, contra las nuevas leyes impuestas por la corona española en 1554.

La historia también nos habla de Antonio Oblitas, el negro lugarteniente de Túpac Amaru II, conocido como el verdugo del Corregidor Arriaga, y quien luego fue apresado y ejecutado junto con Túpac Amaru.

Fue importante también la participación real de los afrodescendientes, en la formación del Estado a finales del siglo XIX, tanto en la Batalla de Junín, al mando de Bolívar, como en la de Ayacucho, a órdenes de Antonio José de Sucre.

El historiador Julio Luna, menciona en sus crónicas a los Comandantes José Rayo, León Escobar y Negro León, quienes luego de la Guerra de Independencia formaron parte de los distintos grupos caudillistas que pugnaban por el control del poder, durante los primeros años de la etapa republicana (1835 – 1842).

Fuente: http://ashanti-peru.blogspot.com/2009/03/combatientes-negros-en-la-independencia.html
Tomado de: http://blog.pucp.edu.pe/blog/latravesiadelfantasma/2014/04/28/combatientes-negros-en-la-independencia-del-peru/

domingo, 10 de dezembro de 2017

Argentina 1975-76 y la Orquesta Roja. Contrainteligencia en la lucha revolucionaria.

Resultado de imagem para la orquesta roja libro
Argentina 1975-76 y la Orquesta Roja.
Contrainteligencia en la lucha revolucionaria.

José no tenía un origen conocido: su militancia anterior no era peronista, ni de la Resistencia, como la de Néstor, que venía de los movimientos de los años ’60, incubado en las acciones conspirativas del peronismo combativo de aquellos años, en medio de una confluencia inorgánica y caótica entre los sindicalistas opuestos al vandorismo, los militantes antiguos de la Juventud Peronista y los viejos cuadros de la Resistencia. 

Néstor Verdinelli militaba en el PB, organización que confluyó con las FAP como estructura de superficie de viejos cuadros y militantes de la resistencia peronista y la vieja JP, cansados de Perón y sus jugadas contradictorias. Educados por el “cookismo” de John William Cooke, sostenían que el peronismo era un movimiento de masas revolucionario y que su dirección burguesa le impedía llegar a buen puerto. ​

¿Sabría José, ese militante medio lumpen y poco confiable, que las FAP, habían sido la primera y la más fuerte de las organizaciones armadas peronistas, que levantaron en 1971 la idea de “la alternativa independiente”? Más conocedores del peronismo y de su líder, Néstor Verdinelli, y sobre todo su compañera, la Negra Amanda y Envar El Kadri, los militantes de la FAP eran escépticos sobre Perón en las condiciones de una alternativa independiente para la clase obrera peronista, que destacaba la importancia del pueblo peronista y su visión clasista, en clara oposición a la estructura del justicialismo y a su burocracia sindical.

Néstor venía de un PB nacido en Córdoba, muy homogéneo sobre la base radicalizada de su formación ideológica, con un gran desarrollo en los sindicatos de planta de la Fiat, lo que le permitió  jugar un papel central en el Cordobazo de 1969, y sobre todo en el Viborazo de 1971. En el Plenario de Sindicatos y Grupos Combativos de Córdoba, en 1971, el Peronismo de Base sostuvo la posición de los sindicatos clasistas. ​ 
Un PB, nacido en Córdoba en 1969 a partir del Integralismo y la Agrupación de Estudio Sociales (AES), con una visión clasista y que se desarrolla en distintos puntos del país.​ Después del Cordobazo la AES ganaría estudiantes de la UNC para confluir con Lealtad y Lucha, en la organización Peronismo de Base y concurrir al Plenario Nacional del Peronismo realizado en Pajas Blancas, Córdoba.

¿Sabría José, ese militante que ya empezaba a levantar sospechas, que el PB fue una de las organizaciones que participó de la fundación del Frente Antiimperialista y por el Socialismo (FAS), en agosto de 1973 en Villa Luján, Tucumán, y que contó con más de 4000 militantes y activistas, muchos de las fábricas cordobesas de Ferreira? Recordaba Néstor haberlo visto allá por primera vez, callado y observador. Demasiado observador, pensó. Recordaba que, aunque en esa ocasión se ratificó la sigla “FAS” y se votó un programa común con PRT-ERP y Poder Obrero, fue una espécie de acto, o gran manifestación pública que todavía no era un lugar de debate colectivo entre organizaciones y sectores sociales.

Lo sorprendió José – y Néstor tuvo que reconocerlo más tarde- cuando comentó que las FAP-Comando Nacional habían lanzado el 2º Congreso Nacional del Peronismo de Base en La Falda, Córdoba, en octubre de 1973, poco después que Perón había llegado a la presidencia, con el lema “Hacia la construcción de la Organización Nacional”; al Congreso convergieron sectores opuestos a la orientación que iba tomando el gobierno, disconformes con el Pacto Social y partidarios de una opción clasista del peronismo; contaban con la adhesión de figuras como Bernardo Alberte y Rodolfo Ortega Peña. 
Y le contó José a Néstor que él estaba presente en esa reunión que creó oficialmente el PB con las organizaciones de masas que seguían a las FAP: una “organización clasista, independiente del movimiento justicialista, cuyo objetivo era el socialismo”.

– ¿Qué hacías ahí?, le preguntó, y José respondió con evasivas.

Pero más lo sorprendió cuando le dijo que dejaba el PB y las FAP en ese mismo momento, y encima le contó – violando toda norma de seguridad- que se iba al PRT-ERP. Néstor no supo qué decirle y hasta sintió un cierto alivio al dejarlo, saludarlo rápidamente y verlo perderse de vista en dirección a San Justo. 
Esa misma tarde, Néstor pidió a su compañera que accionase el contacto oficial con la dirección del PRT para informarlos sobre el hecho. Néstor ignoraba todavía que José era también conocido como “el Oso”, y que ya estaba realizando atividades altamente sospechosas entre sus nuevos compañeros de militancia.

Capítulo 2

Dieguito tenía una manera curiosa de sonreír. Abría mucho los ojos y apretaba la boca hasta abrirla en una mueca graciosa, parecida a una sonrisa; y todo era tan fugaz como un pestañeo. Solo los ojos parecían sonreír de verdad, iluminando por pocos segundos su cara, normalmente muy seria; y esa sonrisa del joven ya tan envejecido en los últimos ocho años y con tan solo veintiséis de vida, era un enigma entre sus compañeros.

Dieguito – cuyo nombre verdadero nunca fue conocido- era judío del Barrio de Once, hijo de un ruso y una polaca, exiliados entre la revolución rusa de 1917 y el fin de la guerra civil española y los inicios de la 2ª guerra mundial. El padre, Simón, salió de la URSS con un salvoconducto especial firmado por el mismísimo Trotsky, en 1921, a la muerte de Lenin, pero pasó quince años vagando entre Polonia y Lituania, hasta que conoció a Raquel en Varsovia y decidieron establecerse en Moises Ville, colonia judía en la provincia de Santa Fe.

El hijo no había conservado nada de la fe y los ritos judaicos de sus padres, pero se veía siempre con su abuelo Shimón y con él conversaba durante horas.

Todo lo que se pudiera aprender sobre la Orquesta Roja, Dieguito lo sabía. Lo había leído en tardes larguísimas de invierno en la Biblioteca municipal de la avenida 24 de septiembre, cuando vivía en Córdoba pero, sobre todo, cuando acompañaba a las vacaciones en Israel a su abuelo Shimón, y se distraía practicando irish y ladino en las largas conversaciones de los camaradas del viejo que habían luchado contra la ocupación alemana y contra los nazis en Polonia y Alemania.

La Orquesta Roja – había aprendido Dieguito- empezó a formarse en 1939, cuando Leopold Trepper – un agente del Servicio de Inteligencia de la URSS, creó una red de inteligencia con la misión de levantar información en Holanda, Francia, Suiza y Alemania, lo que era vital para los soviets. El círculo de espías tenía tres ramas importantes: la red francesa, belga y la holandesa; también existía una red de Berlín; y el Círculo de "Lucy" que operaba en la Suiza neutral, y hasta había una red en Japón. Los miembros de la red eran llamados "pianistas" por los alemanes, porque transmitían sus mensajes por telégrafos que eran operados manualmente. La red llevó informaciones principalmente a los soviéticos, y también la compartía con los aliados ingleses.

El hijo menor de Leopold Trepper, Ismael, vivía en Buenos Aires, en el barrio de Colegiales, y aunque era un poco mayor que Dieguito, él lo consideraba una especie de tío joven. Había desembarcado en Río de Janeiro, dos años antes de llegar a Buenos Aires con sus padres, en 1936, en la entonces capital de Brasil, escapando de la persecución a los judíos que aumentaba con pasos de gigante en toda Europa. Se casó muy joven, a los 18 años con la hija de un rabino estudioso y escritor de libros de comentarios sobre las escrituras; decidió dedicarse a los negocios, y abrió una peletería en el Pueblo de Morteros, a unos 50 km de Moises Ville. Su hijo Abraham, más joven que Dieguito, pasó a ser su compañero inseparable cuando se mudaron a la capital. Era casi un niño, endeble, tímido y serio; daba tanta pena que más de una vez Dieguito estuvo decidido a despacharlo.

— No, éste no se va a quedar acá, pensaba Dieguito. Abraham tenía una cara redonda, cejas anchas muy negras que le envejecían de modo extraño los ojos, y andaba con la boca apretada, y la mirada huidiza de los chicos tristes. Una boca reacia a la risa, ansiosa, sin gritos ni bromas, sin alegría. 

Y a sus dieciocho años era tan delgado, tan frágil, que apenas se le podrían dar quince o diesiséis. 

— Por nada del mundo debe quedarse en la inteligencia, le sugería Polo. Ahora mismo se lo vas a decir, y que se vaya cuanto antes. 

— ¿Qué venís a hacer aquí, muchacho?- le largaban Polo y Dieguito cada vez que el chico se aparecía; pero nada, él iba quedándose y de a poco, se quedó nomás.

Continuará

Javier Villanueva.  Buenos Aires, 10 de diciembre de 2017.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Argentina, 1975-76. Inteligencia, contrainteligencia y traiciones en la lucha revolucionaria.

Resultado de imagem para inmigrantes gallegos en el puerto

Argentina 1975-76
Inteligencia, contrainteligencia y traiciones en la lucha revolucionaria.

Faltaban tres cuadras para bajar y sintió un retorcijón en el estómago. Se apretó las sienes y decidió salir del colectivo antes de lo previsto. José tenía 29 años y una vida difícil, pero estaba decidido a hacer aquello que se había propuesto y lo haría.

El día estaba claro esa mañana, en un otoño fresco pero sin viento y con mucho sol. Daba gusto andar por las veredas anchas de San Justo, llegando a Ramos Mejía, y dejando que el aire puro le despejara las dudas y los miedos.
Caminó más de siete cuadras en zigzag, mirando hacia atrás y parándose cada cincuenta metros para verificar que iba solo, hasta llegar al bar, casi en frente al Hospital Posadas.

Néstor Verdinelli, - compañero de Amanda Beatriz Peralta, la "Negra" de las FAP-, lo esperaba al fondo del bar, con el pelo teñido de castaño oscuro y usando un par de anteojos grandes. Le sonrió, simpático, sin imaginarse todavía el motivo de la cita pedida por José, en una época y en un lugar tan arriegados.

La Negra Amanda, compañera de Néstor, era hija de prósperos productores rurales, estudiante de Letras en La Plata, donde convivió desde muy joven con los círculos más aguerridos de la Resistencia Peronista en la agrupación Acción Revolucionaria Peronista que dirigía el exdelegado de Perón, John William Cooke. Amanda fue una de los fundadores de la organización guerrillera Fuerzas Armadas Peronistas y participó en el asalto al banco de Llavallol. ​ En 1968 las FAP instalaron 14 guerrilleros en el campamento "El Plumerillo", en Taco Ralo, provincia de Tucumán, para realizar entrenamiento militar. Amanda era la única mujer y entre los varones estaban su pareja, Néstor Verdinelli, y el legendario Envar El Kadri, todos militantes fogueados de la vieja Juventud Peronista.

Apenas José ubicó a Néstor al fondo del bar, de lo primero que se acordó fue de aquel 19 de septiembre de 1968, cuando el grupo de Taco Ralo fue sorprendido por la policía, que los trasladó en avión a Buenos Aires para llevarlos a juicio.
Mientras caminaba los 15 metros hasta el fondo del salón del bar, José recordó que Amanda Peralta había cumplido su condena en la cárcel del Buen Pastor, en el barrio de San Telmo, y que el 26 de junio de 1971 se había fugado con otras tres presas. Verdinelli había continuado detenido hasta que la amnistía de Héctor Cámpora lo liberó, el 25 de mayo de 1973.

José tenía 21 años cuando las manifestaciones del 25 de mayo, al asumir Cámpora, liberaron a los presos políticos; y apenas 16 cuando cayeron los guerrilleros de Taco Ralo. No lo había sentido en el corazón ni en el estómago. En realidade nunca le había interesado demasiado la política; él era un hombre de acción, y era la adrenalina de las peleas y las armas lo que más le llenaba de alegrias, cortas y escasas en su vida triste y sufrida de villero. Para muchos de sus compañeros y conocidos, era un “lumpen”, marginalizado y ressentido, sin ideologia.

Volvía José de una corta reunión en el Hotel Cosmos, sobre la calle Lima, de Constitución, lugar para el cual no tenía demasiadas ropas, a no ser un traje viejo a rayitas, que había sido de su padre. La reunión con Españadero había sido temprano, a las 8:30. Y a las 9:40 ya estaba en la pizzería Imperio, de Corrientes y Federico Lacroze, donde no se demoró más que diez minutos. Llegaba al bar en frente al Hospital Posadas cinco minutos adelantado, a las 11:10, después de haber hecho dos pasadas rápidas por la vereda de en frente.

Néstor le sonrió mientras se sentaba, todavía sin entender muy bien el por qué de esa cita urgente solicitada por José, en un lugar y en un momento en el que no faltaban los peligros.

Las cercanías del Hospital Posadas no eran áreas seguras. Luego del golpe militar del 24 de marzo de 1976  – recordaría Dieguito muchos años después-, en la madrugada del domingo 28 fue ocupado por fuerzas del ejército, a cargo del General Reynaldo Bignone, con una tropa fuertemente armada, tanques, helicópteros y camiones de asalto. ​ Tras la acción militar entró como interventor el Coronel Di Benedetto, que con sus "listas negras" seleccionó al personal que sería detenido enseguida, unos 35 trabajadores del Hospital, que fueron transladados a Coordinación Federal. Dos días después detuvieron a los dirigentes gremiales que fueron llevados a la cárceles de Olmos y Devoto. El 31 de Marzo de 1979, cinco miembros del personal fueron presos y transportados al penal de Devoto, donde permanecieron 7 meses.

Néstor no lo sabía todavía, en ocasión de la cita con José, - y muy pocos de sus compañeros,  tal vez poquísimos de la contrainteligencia de PRT-ERP o Montoneros, quizás-, pero el Batallón de Inteligencia 601 del Ejército Argentino ya estaba trabajando a todo vapor, escribiendo un informe que llamó “Proceso en el Policlínico Posadas", en el que explica las posibles causas de la intervención, basándose en tres hipótesis. Como lo veremos luego, una Orquesta Roja nativa estaba siendo formada y de a poco iba enterándose de secretos militares que solo los órganos la inteligencia del estado manejaban hasta entonces.

Primero, suponían los servicios de información, – en los mismos días en que Néstor esperaba a José para una cita a escasos metros del Hospital-, que había allí una posta sanitaria del ERP 22 – una fracción de corta vida que había apoyado al gobierno peronista en 1973-,  que supuestamente ayudaba a la guerrilla en Tucumán. Esto era absurdo, ya que la Compañía del Monte que luchaba en las selvas tucumanas era del ERP mayoritario, del cuál se había desprendido la fracción en cuestión.  
        
En aquellos días del encuentro de Néstor con José en frente al Posadas – finales de octubre de 1975- los datos recogidos por la Secretaría de Inteligencia del Estado (SIDE), decían que un grupo de médicos del hospital pertenecía al ERP 22, y dirigían la escuela de postas sanitarias que daba apoyo médico a la Compañía de Monte en Tucumán. Pero la información fue apartada de imediato por la propia SIDE como incorrecta.

Tal vez la confusión de la SIDE, pensaba Néstor, haya sido porque el 22 de agosto de 1974, - al cumplirse el segundo aniversario del asesinato a manos de la dictadura militar anterior, la llamada "Revolución Argentina", de quince presos políticos en la ciudad patagónica de Trelew, el barrio Sarmiento, vecino al Hospital Posadas, fue renombrado, por las comisiones de vecinos, como Mariano Pujadas. Mariano, miembro de la guerrilla Montoneros había sido muerto por la marina de guerra en la base naval de Trelew. Los vecinos se acuerdan hasta hoy del padre Carlos Mugica en el acto.
¿Sabía o sospechaba Néstor Verdinelli, en el momento de su extraña cita con José, que existía, eso sí, una posta sanitaria dedicada a la atención a heridos de bala en los quirófanos del hospital? La desaparición de ropa, equipos de curaciones e instrumental de diverso tipo, y la sospecha de que la guerrillera Lidia Hajewski habría transportado a médicos al dispensario del barrio de emergencia cercano al hospital, se sumaban a un informe de la SIDE que detallaba que en ese mismo mes de octubre de 1975 habían atendido a dos guerrilleros heridos de gravedad, en la sala de Terapia Intensiva.

No conocía Verdinelli los detallados y muchas veces confusos informes del SIDE, pero sabía, claro, que el Hospital Posadas era un centro de batallas ideológicas entre el Partido Comunista Argentino, a través de ATE y los Montoneros de la JTP, del PRT-ERP y de su propia organización, las FAP.


Y aunque Héctor ni se sospechaba los ríos de tinta que darían base unos pocos meses después a la feroz intervención militar al Posadas, no le hacía ninguna gracia el riesgo que estaba corriendo por causa de esa cita extraña y sospechosa. Pero ahí estaba él, sonriéndole al recién llegado, que se acercaba desconfiado y serio.

Continuará 

Javier Villanueva. São Paulo, diciembre de 2017.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

La Era de Carlos Fuentes

imagen

Por Georgina García Gutiérrez Vélez
 La Era de Carlos Fuentes
Fallecido el 15 de mayo de 2012, el escritor mexicano Carlos Fuentes legó una obra amplia y ambiciosa a la que buscó agrupar bajo el concepto general de “La edad del tiempo”. ¿Qué significa esta operación de reordenamiento de una obra en curso? ¿Cuáles son las implicaciones de una etiqueta con que se integraban libros de cuentos y novelas escritos a lo largo de varias décadas?

¡Cómo de entre mis manos te resbalas!
¡Oh, cómo te deslizas edad mía!             
¡Qué mudos pasos traes muerte fría,    
pues con callado pie todo lo igualas!   
FRANCISCO DE QUEVEDO

El tiempo que todo lo devora —revoluciones, políticos, burgueses— es capturado por el arte que sí sobrevive. México, el mundo, quedan en la novelística mestiza de Fuentes… El gran mural de Fuentes abarca más que el siglo XX y es indispensable para comprenderlo. La gran memoria mural es la respuesta creativa de Carlos Fuentes al reto del devorador implacable que no tiene edad.
GEORGINA GARCÍA GUTIÉRREZ VÉLEZ,
“México, arte y Revolución: la novela mural de Carlos Fuentes” (2010)

A MANERA DE PREÁMBULO: 
LA VIDA DE “LA EDAD DEL TIEMPO”
La mayoría de los libros de narrativa de Carlos Fuentes tiene una lista titulada “La edad del tiempo” que presenta sus novelas y volúmenes de cuentos. Apareció a mediados de la década de los años ochenta del siglo pasado y siguió acompañando sus obras durante 27 años, hasta Federico en su balcón. Esta novela póstuma, que salió en septiembre de 2012, cuatro meses después de la muerte del escritor, ocupa el último número de “La edad del tiempo”. Sobre el lugar de esta novela en la lista, Fuentes dejó instrucciones precisas a su editor Ramón Córdoba Alcaraz de ponerla en el XVI. Le agradezco a Ramón este dato serio y confiable, porque proviene de quien conoció muy de cerca el modo de trabajar de Carlos Fuentes.
“La edad del tiempo” aparece por primera vez en Gringo viejo (1985), editada por el Fondo de Cultura Económica. La incluirán los siguientes títulos publicados por la misma editorial: Cristóbal nonato (1987), Constancia y otras novelas para vírgenes (1990), La campaña (1990). Alfaguara la incorpora, definitivamente, a partir de El naranjo, o los círculos del tiempo (1993), cuando Fuentes empieza a publicar en esta casa. Por tanto, no se trataba de una colección, pues la noticia aparecía casi siempre, sin distingos de la editorial que sacara los volúmenes (en la segunda solapa, en la cuarta de forros). Me intrigaron las modificaciones constantes que podrían significar que Fuentes estaba al pendiente de “La edad del tiempo”, haciendo cambios, aumentando su numeración. Al darle seguimiento y comparar las diferencias, al “leer” entre sus líneas, me percaté de cómo se movía la vida de la literatura en manos de su creador: “La edad del tiempo” era otra de sus obras y algo más. Descubrí, poco a poco, que se trataba de un texto distinto, que decía muchas cosas sobre el Fuentes narrador y que permitía entrever la complejísima relación creativa que tenía con sus narraciones en general, no sólo con las enlistadas.1 En cierta forma, el examen de “La edad del tiempo”, quizás hizo posible atisbar, muy fugazmente, el proceso de creación de Fuentes.
Lo escrito aquí comunica el producto o resultados más recientes de una exploración que me ocupa desde hace varios años y que está en varios artículos y ensayos: la narrativa mural.2 También resumo otras exploraciones y retomo ideas que he ido formulando desde que empecé a estudiar la obra de Fuentes. Este ensayo condensa gran parte de mis escritos sobre Carlos Fuentes.
En uno de los homenajes post mortem que la UNAM hizo a Carlos Fuentes,3 sus amigos del medio siglo: Miguel Alemán Velasco, Víctor Flores Olea, Enrique González Pedrero, Porfirio Muñoz Ledo, Sergio Pitol (su texto fue leído por Hernán Lara Zavala), evocaron a un Fuentes vivo, joven. Flotaba la idea de que Fuentes tuvo la fortuna de morir sin los estragos de la decadencia intelectual y física. Silvia Lemus confió: “murió lleno de vida…”. Había el consenso de que Carlos Fuentes partió inteligente y guapo como siempre. Las palabras atinadas de Porfirio Muñoz Ledo expresaron el sentimiento general: “Murió en el frente de batalla. No dejó un minuto de trabajar, de inventar y de viajar. Falleció por su vitalidad. Se fue envidiablemente joven, elegante e intacto”. 
Ahora comprendo la sabiduría de las evocaciones de ese día que ayudaron a enriquecer la experiencia del duelo de México por su gran escritor: Fuentes se fue a tiempo. Quizá fue afortunado porque no le tocó vivir el México cuya realidad supera las distopías y profecías apocalípticas con que advirtió, cada vez más alarmado, que el rumbo elegido llevaba a finales descritos en la Biblia,a la que tanto recurrió para narrarel principio y el fin del tiempo.Ya no atestiguó cómo el horror de nuestro Apocalipsis real rebasa la imaginación. Vivimos el futuro que predijeron sus novelas: el fin del tiempo. 
Por fortuna, no le tocó ver que diariamente despertamos y la pesadilla está allí. El México que Fuentes imaginó y recreó, murió con él, pero su obra sobrevive. La muerte clausuró un tiempo, el suyo: la “Era de Carlos Fuentes”.

1  Una nota con la descripción esquemática de “La edad del tiempo” o de su evolución, mero reporte de un ejercicio académico, no despejaría las inquietudes que me despertó el texto tan sugerente (aunque debí cumplir esa etapa preliminar, antes de escribir este ensayo). Afortunadamente, mis investigaciones sobre la obra de Carlos Fuentes me condujeron a “La edad del tiempo”. [Regreso]
2  Con gusto comprobé que la gran narrativa de Carlos Fuentes nace del muralismo mexicano. La nombré “novela mural” y empleo el término para todas sus narraciones sean o no de ficción —como El espejo enterrado—, pues el otro origen mexicano de su novelística es la llamada “novela de la Revolución Mexicana” que incluye todo tipo de discursos narrativos, no sólo el novelesco, igual que la narrativa mural de Fuentes. Conceptos como despliegue, totalidad, preservación, con sus variantes, que elaboré en el marco teórico de mi estudio de la narrativa mural de Fuentes, aparecen siempre en mis escritos. [Regreso]
3  En el Centro Cultural Universitario el 11 de noviembre de 2012, el día del cumpleaños del escritor. La Revista de la Universidad de México publicó sus textos pocos días después, en el número de diciembre. [Regreso]

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Mika Etchebéhère y el machismo en "Mi guerra de España"

Resultado de imagem para mika etchebehere mi guerra de españa


Podríamos hablar otra vez de Mika y el feminismo, como ya lo hicimos varias veces en este Blog. Pero no, prefiero hablar de su lucha contra el machismo en las filas de las milicias revolucionarias durante la guerra de España contra el fascismo, entre  1936 y 1939. JV.
Trecho del libro "Mi guerra de España".

Mika Etchebéhère y el machismo 
en "Mi guerra de España"

Nuestros camiones y nuestros coches han venido a Guadalajara.
Esta noche vamos a la guerra. Froto despacio con pomada los pies lastimados de Hippo y los envuelvo en compresas finas para que no le hieran las alpargatas.

—Tú no vendrás a primera línea —me dice—. Te quedarás atrás con el médico y tendrás a tu lado a nuestras dos muchachas.

Está muy oscuro y hace frío cuando subo al coche junto al médico. Me duele la garganta desde esta mañana y también la cabeza. Es mejor no decir nada para que no me obliguen a quedarme en el cuartel. Las chicas no aparecen.
De seguro se han ido en un camión. Al tomarme las manos para despedirse, Hippo nota que arden, pero no tiene tempo de escuchar lo que le digo para tranquilizarlo.
Nuestra columna avanza a paso de hombre, invisible, con todos los faros apagados, extrañamente silenciosa.

Esta vez sí que vamos a la guerra, a la de verdad, llevando cañones de verdad, pero sin cantos ni gritos de combate.

¿Cuánto tiempo hemos marchado? Cuando la larga oruga ondulante se detiene, una claridad indecisa anuncia el día y la aldea lejana: Atienza, plaza fortificada, burgo medieval desparramado al pie de su castillo plantado muy alto sobre un espolón casi cónico.
(...)

El sargento de la Legión viene a decirme que los hombres se niegan a barrer y a recoger sus camas porque es un trabajo de mujeres que pueden hacer nuestras cuatro milicianas.

Delante de la puerta, un grupo matinal se empeña en desmontar una ametralladora. Con voz muy amistosa pregunto a la redonda:

—¿Es verdad que nadie quiere barrer?

Las respuestas tardan un poco en llegar. Algunos murmullos las preceden. El menos inteligente, el más terco, ese Chato que recogimos en Guadalajara y que me sigue inspirando desconfianza, se atreve por fin a expresar la opinión general:

—Aquí solamente se exige que los hombres hagan la limpieza. En el batallón "Pasionaria" las muchachas lo hacen, hasta lavan la ropa y remiendan los calcetines...

Con mucha calma y sin la menor ironía, le pregunto:

—¿Así que tú crees que yo debo lavarte los calcetines? Un poco sorprendido por esta pregunta que lo pone en ridículo por lo absurda, contesta muy convencido:
—Tú no, claro está.
—Ni las otras tampoco, compañeros.

Y ahora me dirijo a todos: "Las muchachas que están con nosotros son milicianas, no criadas. Estamos luchando por la revolución todos juntos, hombres y mujeres, de igual a igual, nadie debe olvidarlo. Y ahora, rápido, dos voluntários para la limpieza".


Mika Etchebéhère. Mi guerra de España.

sábado, 18 de novembro de 2017

Poesía Gallega Actual XOSÉ AZAR

Imagem relacionada

La autora de la reseña es la amiga Susana Diez de la Cortina Montemayor, filóloga, directora académica de AulaDiez español online (www.auladiez.com), y autora de numerosos libros de poesía y de enseñanza de español para extranjeros. Ya hemos publicado aquí algunas de sus muchas intervenciones, y esperamos publicar más. Gracias!


Poesía Gallega Actual  
XOSÉ AZAR: 
Vitalismo Inmanentista e Integración 

Memoria de la conferencia pronunciada por su editora, Elena Diez de la  Cortina, en el acto de homenaje en Madrid al poeta, escultor y filósofo  gallego el 16 de noviembre de 2017.
El pasado día 16 de noviembre tuvo lugar en Madrid un sentido homenaje al escritor, filósofo y  escultor Xosé Azar con motivo del primer aniversario de su muerte. Allí estuvieron su viuda y  también artista Carmen Lorente Valero, el coordinador de actividades culturales de la  Delegación de la Xunta de Galicia en Madrid, Ramón Jiménez Pérez, la escritora Pepa Nieto y la  filósofa y directora de la Editorial Manuscritos, Elena Diez de la Cortina. Los participantes  hicieron mención de las distintas facetas intelectuales del polifacético pensador y artista  gallego, con el emotivo final de una lectura, realizada por Carmen en lengua gallega, de la  poesía de su marido.

Una poesía que, como bien indicó Elena, editora de la poética rosaliniana  de Xosé Azari, contiene una profunda carga filosófica: “Pepe, además de un excelente poeta y  escritor, era también un magnífico artista y un filósofo muy original. En el trasiego de la edición  de su obra, nos fuimos haciendo buenos amigos y nos gustaba quedar, de vez en cuando, para  dar paseos por el campo mientras filosofábamos. En aquellos paseos me fui dando cuenta de  que Pepe, pese a su gran humildad, tenía ya elaborado todo un sistema filosófico propio.

Y no solo eso: lo tenía prácticamente escrito, a falta de un prólogo‐carta que me dedicó en 2011.  Me refiero a su obra Vida masculino/femenina que pueden ustedes consultar en su página  web: más de ochocientas páginas de buena filosofía”. En efecto, tal como indica el título y nos  señaló Elena, la Vida era para Xosé Azar la pregunta principal de la filosofía, ya que en el  mismo acto de nacer se encuentra la más trágica paradoja del ser humano: la separación de la  entraña materna, el desentrañamiento:

                     “La verdad más radical del ser humano es el  desentrañamiento primordial; de ahí deriva mucha infelicidad, pero también todo lo grandioso  que la humanidad hizo, sobre todo en las artes y en el espíritu”, nos dice el poeta en su obra  sobre Rosalía.

A partir de ahí Elena Diez de la Cortina fue engranado una ponencia en la que nos sintetizó  cómo para Azar el verdadero y primigenio paraíso del que fuimos expulsados no es sino la  madre, aquella plenitud de integración perdida con ella cuya nostalgia nos hace buscar una  nueva pertenencia, el ‘ser entrañables’ para alguien:

                        “Esa es la genuina vuelta a Ítaca de todos  nosotros”, nos resumía Elena, recordándonos que la palabra ‘nada’ en castellano procede de  ‘nata’, es decir, nacida, de ahí que “todo lo nacido llevará dentro de sí mismo su propio ‘no  ser’, su propia carcoma de la nada que lo va devorando y consumiendo desde el primer hasta  el último día”, de forma que, como seres desentrañados, desterrados del paraíso, nos  encontramos en pleno desasosiego en este siglo XXI que algunos llaman  el “siglo del  nihilismo”. 

Pero precisamente – nos recuerda certeramente Elena‐ la palabra ‘nihilismo’ viene  de ‘ne‐hilum’, es decir, sin hilo, sin ese cordón umbilical que es el engarce relacional de todo lo  viviente: “vivir es encontrar, retomar el hilo perdido, restituir aquello que nos integra pese a  las diferencias, permitirnos nuevos y genuinos entrañamientos con los que nos rodean, con el  mundo, con la naturaleza”. Y terminó Elena Diez de la Cortina citando textualmente unos  párrafos de la carta‐prólogo que Xosé Azar le había dedicado, y que van aquí transcritos a  continuación: 

                  «No hay un espíritu que llegue de fuera y nos llene de sí, Dios no viene activo a nosotros, pasivos; no existe si nosotros no lo hacemos, es un niñito al que damos a luz; el deísmo es  pasividad.  Tampoco viene de los demás y tú te dejas conducir dócilmente; tienes que ponerte tú a arder  igual que ellos, de lo contrario no serás más que un madero muerto, por mucho que los otros  se quemen… Mi totalidad no es la misma que la de los demás comulgantes porque nace en mí;  y lo es porque está tejida con ellos, como una llamarada de una hoguera hecha de diferentes  llamas; estando yo solo no nace, tenemos que estar juntos, la hacemos nacer entre todos, es  trabajo común… Ese todo que contribuimos a formar es la Vida en su mayor gloria.  Ella no nos hace a nosotros: nosotros la hacemos a ella y cesa cuando la comunión acaba.  La Vida es los vivientes, se reparte en nosotros, no guarda nada para sí, más que una madre». 

Susana Diez de la Cortina Montemayor  Noviembre de 2017  
    
Véase la obra de Xosé Azar “Rosalía erótica y existencial, 50 poemas esenciales”, publicada  en 2010 por la Editorial  Manuscritos. 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Los topos del franquismo

Resultado de imagem para los topos franquismo

Los topos del franquismo

Cientos de republicanos españoles optaron por vivir ocultos al terminar la Guerra Civil para poder escapar de la represión de los vencedores

Poca gente en España - y mucho menos fuera de ella, claro- conoce la historia de los "topos" de la época del franquismo. 
Según se puede leer en cualquier texto del Google, en España se llamó “topos” a aquellas personas que, no pudiendo fugarse al exterior después de perdida por los republicanos la Guerra Civil que dividió al país entre 1936 y 1939, se mantuvieron ocultas para huir de la represión franquista. 

La palabra "topo" aparece en el libro de Manuel Leguineche y Jesús Torbado “Los topos”,​ publicada en 1977, en el que se cuenta la historia de 24 personas que vivieron esta situación de clandestinidad absoluta, escondidos de todo y de todos. ​Sin embargo, a la palabra no se la encuentra con ese mismo significado ni el Diccionario de la Real Academia Española ni el de María Moliner, aunque se trate de una experiencia y un término propio, muy representativo de toda una época.

Recordemos que, cuando se fue completando la ocupación de España, luego de tres largos y dolorosos años de guerra, por parte del ejército sublevado con Francisco Franco a la cabeza, mucha gente que había apoyado a la republica o a los partidos que la defendían se “echaron al monte”, dejando sus pueblos y ciudades y constituyendo el fenómeno de los “huidos”.
Muchos otros se escondieron en sus propias casas, en los establos, tejados, aljibes u otras dependencias para eludir la represión. La mayoría de estos últimos fueron descubiertos o finalmente se entregaron, pero hubo otros que permanecieron ocultos una vez terminada la guerra civil. 

Estos fueron los llamados "topos". Y aunque cada caso presentó sus motivos y rasgos particulares y singulares, hay ciertos aspectos comunes: el hecho de no estar acusados de "delitos de sangre", como llamaba el franquismo a los que habían empuñado las armas, en el jército republicano o en las milicias contra la sublevación; no ser dirigentes ni miembros significativos de los partidos y organizaciones republicanas y/o sindicales o, e incluso no tener ninguna militancia política; y pertenecer, todos ellos, al medio rural. Por otro lado, todos fueron también despreciados por los llamados "huidos" y también por los guerrilleros del maquis por su pasividad ante el régimen franquista.

Hubo muchos "topos", cientos de ellos, los cuales pudieron mantenerse ocultos gracias al apoyo de su círculo familiar o de amistades más cercano. Aunque muchos de ellos llegaron a abandonar sus escondites en 1969, cuando la dictadura franquista promulgó un decreto por el cual prescribían todos los presuntos delitos cometidos antes del fin de la Guerra Civil, algunos "topos" llegaron a permanecer hasta 38 años escondidos.

Hubo casos famosos entre los "topos" que permanecieron ocultos hasta la década de 1960, como Manuel Cortés Quero, último alcalde republicano de Mijas, en Málaga, que se mantuvo escondido entre 1937 y 1969, o Eulogio de Vega, alcalde socialista de Rueda (Valladolid), que estuvo oculto hasta 1964.​ Protasio Montalvo, el alcalde socialista de Cercedilla, estuvo oculto hasta 1977.​ De los 38 años que estuvo escondido, tres los pasó en una conejera y el resto enfrente de su propia casa.

Eufemiano Días González, vecino de La Mata de Curueño, en la provincia de León, se mantuvo durante diez años escondido en una fosa cavada en un corral de ovejas, que sus familiares tapaban durante el día con unas tablas sobre las que tiraban estiércol de los animales. Solo salía del hueco por las noches para estirar las piernas. 
Eufemiano se escondió después de haber combatido en las filas republicanas en el frente de Asturias, hasta que en 1947 se entregó a las autoridades franquistas. Finalmente, el tribunal militar que lo juzgó terminó dejándolo en libertad sin más cargos.

Otro caso semejante fue el de Patricio Sierra Grajo, un ex guardia de asalto, que vivió escondido durante doce años en Orellana la Vieja, en la provincia de Badajoz. Y todavía más extraño fue el caso de los hermanos Juan y Manuel Hidalgo España, que se mantuvieron escondidos durante 28 años muy cerca uno del otro, pero sin que lo supieran ni llegasen a encontrarse durante todos esos años. La única mujer “topo” que se conoce fue Teodomira García de Zarza de Tajo, de la provincia de Cuenca.

Todos ellos fueron protagonistas de sendas historias de miedo, del gran miedo. El terror que produce el odio, la ignorancia y la incultura, la falta de libertad. Porque fue el miedo el que condenó a estos hombres a vivir como "topos", aislados de los suyos y siempre en las tinieblas.

Javier Villanueva, São paulo, 14 de noviembre de 2017.