quarta-feira, 23 de maio de 2018

O Século de Ouro. Apogeu e decadência do Império Espanhol

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Diego Rodríguez de Silva y Velázquez, Las Meninas, c. 1656, Museo Nacional del Prado, Madrid.


O Século de Ouro.
Apogeu e decadência do Império Espanhol

Entre 1492 - um ano chave na Espanha- e 1521, os reinos unificados de Isabel de Castela e Fernando de Aragão atingem o auge da sua grandeza e começam, quase ao mesmo tempo, uma lenta decadência que tem também seus momentos decisivos, de corte histórico. 

O ano de 1492 junta quatro sucessos de importância absoluta para Espanha e para a humanidade: a conquista do último reino do islã, Granada; a expulsão dos judeus; a chegada de Colombo às Índias Ocidentais, e a publicação da primeira gramática castelhana, que é também a primeira entre as línguas romances ou neolatinas, de Antonio de Nebrija. 

Em 1521, pelas mãos dos seus capitães mais impiedosos, Hernán Cortes no México e em 1932 Francisco Pizarro no Peru, a Espanha dos Reis Católicos se impõe sobre os grandes impérios asteca e inca.

E no mesmo ano de 1521, Carlos I (ou V, Imperador Romano-Germânico), derrota a Revolta dos Comuneiros de Castela.

Os momentos chaves do início da queda, lenta e irresistível, por sua vez, são marcados pela derrota catastrófica da Armada Invencível, em 1588, quando o neto de Isabel e Fernando, Felipe II, tenta invadir Inglaterra. A seguinte acontece em 1643, na batalha perdida para França em Recroi - ou Recroy-. 

Mas antes, ordenada pelo rei Felipe III, acontece de forma escalonada a expulsão dos moriscos, entre 1609 y 1613. A expulsão de 270 mil pessoas, um 4%, da população pode parecer de pouca importância, mas os moriscos eram parte importante da massa trabalhadora, o que gerou uma queda na arrecadação de impostos, e nas zonas más afetadas - Valencia e Aragão- teve efeitos despovoadores que duraram décadas e causaram um vazio importante no artesanato, a produção de tecidos, o comércio e os trabalhos do campo. 

Finalmente, o longo processo de retrocessos e decadência espanhola culmina em 1898, com a perda das últimas "joias da coroa", Cuba, Puerto Rico e Filipinas em mãos do nascente império dos Estados Unidos.

Este início da decadência se deve à vasta extensão do império de Carlos V e Felipe II e III, e a intolerância religiosa, que concentrou todos os esforços no poder militar, atrasando o livre desenvolvimento de uma classe burguesa e do próprio capitalismo. O ouro das Índias ia parar nos cofres da burguesia financeira e industrial dos Países Baixos, Inglaterra e França.

Ainda assim, e graças ao enorme fluxo de metais - ouro e prata, principalmente- chegando das colônias americanas- entre os séculos XVI e XVII acontecem os chamados Séculos de Ouro da literatura e a arte espanhola. O período mais brilhante é o que vai dos últimos 30 anos do século XVI e os primeiros 30 do século XVII. Foi nesta época em que floresceram as gerações de Cervantes, Lope de Vega e Quevedo.

Entre os mais famosos dos pintores da era está Diego Rodríguez y Velásquez (1599 – 1660), que retratou a família de Felipe IV na sua maior obra, Las Meninas. Numa época anterior, também foi célebre Doménikos Theotokópoulos (1541 – 1614) – mais conhecido como El Greco -, autor de El Expolio e A Abertura do Quinto Selo.


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Enterro do Conde Orgaz, obra fundamental de El Greco,  na igreja de São ToméToledo

O século de ouro espanhol produziu grandes obras literárias clássicas. Como as centenas de peças de teatro e comédias de Lope de Vega (1562 – 1635), ou La Arcadia e La Gatomaquia, as análises e biografias escritas por Francisco de Quevedo (1580 – 1645), como Vida de Marco Bruto e Grandes anales de quince días, e a coleção de poesias El Parnaso Español. 

E o nome mais brilhante do período, Miguel de Cervantes (1547 – 1616), autor do Dom Quixote e outras obras menos conhecidas, como as comédias El gallardo español e El Rufián Dichoso.

Este período também viu o brilho de nomes do direito, como Bartolomeu de las Casas (1474 – 1566); filosofia, como Francisco Suárez (1548 – 1617); farmacologia, como Andrés Laguna (1499 – 1559); matemática, como Pedro Nunes (1502 – 78); educação e psicologia, como Juan Luis Vives (1493 – 1540). Em relação à música, podem ser citados Cristóbal de Morales (1500 – 53) e Francisco Guerrero (1527 – 99).

JV. São Paulo, maio de 2011.


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