Onanismo sociolinguístico
ou punheta idiomática?
Todo mundo tem o sacrossanto direito de "a-do-rar" uma língua estrangeira, como parte do seu direito a "a-do-rar" uma cultura forânea.
Seja porque o "guelo" era espanhol, ou porque se amarra numa "Master's voice", a língua estrangeira é sempre um tesão ineludível, uma comichão que não para nem coçando com as duas mãos.
Falar inglês ou espanhol dá prestígio. Mas falar a língua do Master, -His Master's voice- dá ainda mais do que qualquer outro domínio, habilidade ou competência linguística.
-Sim, falo guarani; ou então, - Verdade, domino o quechua. Ou talvez - Sou fluente em nahualt, são todas belas excentricidades que não deixam de ter seu charme e dão um certo prestígio, sem dúvida. Mas nada que se compare a poder abraçar o Rato Miguelzinho em plena Disneyworld e resmungar, emocionado, um choroso - I love you so, Mickey! Ou então, olhar para o presidente "americano" e soltar um sonoro - I love you, Trump!-.
Bom, e a que vem finalmente esse longo papo sobre o onanismo sociolinguístico, mais conhecido pela plebe rude como punheta idiomática?
Confesso que a causa, outra vez, é a minha obsessão com a fala britânica, melosa e afetada do "speaker" da Linha Amarela do metrô paulistano.
Sim, porque, juro que já ouvi um rapaz boliviano rir aos berros e perguntar ao seu colega: - Qué? Su culo vi? quando a moça (também ela, speaker) da Linha Azul anunciava - Next station, Tucuruvi.
Claro, para um cidadão recém chegado da Bolívia, ouvir Tucuruvi, mais ainda em meio ao palavreado saxônico, deve ficar mais perto de "tu culo vi" que outra coisa. E ainda com mais razão se a comunicação é feita por meio de vozes altamente adocicadas e sensuais.
Sei que estou ficando velho e resmungão, reconheço, mas o tema da voz meliflua que fala para apenas três ou quatro gringos do norte por semana, enquanto os milhares de peruanos, bolivianos e outros latino-americanos ficam sem entender bulhufas, já está merecendo uma resposta a la Márcia Fernandes: não sei, não tenho uma opinião formada ainda, viu?, mas por enquanto, VTNC!
J.V. San Paolo, 2018.
Oi, senhor Javier.
ResponderExcluirEstou sempre lendo seus textos e os recomendando diariamente.
Márcia Fernandes não sei quem é. Seu texto a homenageia ou a critica?
Abraços!
Juá, juá! (risada Mapuche), sim, o texto homenageia a Márcia, porque tem horas, como ela bem disse, em que dá vontade de responder com palavrões e deixar a educação para depois. Um abraço, amigo!
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