A Peste. 2024.
Parte 8.
A Máscara da Morte Rubra
Não conseguiu levar mais do que 16 caderno das duas caixas que a de Marta lhes oferecera. Jorginho deixou outros 48 que passaria para pegar dias depois. Já não pode fazê-lo porque a pandemia do corona vírus começou como uma explosão a meados de março de 2020, e tanto Marta como Jorginho tiveram que se isolar nas suas casas -cada um na sua- e nunca mais puderam pegar o conjunto dos contos e projetos de romances, alguns dos quais falavam detalhes pouco conhecidos da vida do misterioso El Brujo López Rega, manda-chuva do governo criminoso de Isabelita Perón entre os anos de 1974 e 1975, ao mando da banda fascista conhecida como Tríplice A.
Mas, como tantos outros projetos literários da carreira fracassada de Jorge, a pesquisa e as escritas ficaram no papel depois de três ou quatro meses de isolamento e diversas tentativas de telefonemas, conferências por whatsapp e skype, sempre em torno do tema dos cadernos que continham detalhes novos sobre El Brujo López Rega.
Um dos cadernos, porém, terminou sendo para Jorge uma espécie de "Máscara da Morte Rubra".
Como no conto de Edgar Allan Poe, em meio de uma peste mortal, em que a população está sendo dizimada de forma implacável, Jorginho vê a diário nos noticiários da TV o desprezo do Pequeno Ditador, que igual ao jovem príncipe Próspero tece planos mirabolantes a fim de vencer a própria morte. Isolado, junto com uma grande turma de amigos e aduladores, o Príncipe do conto de Poe se afasta do mundo, do mesmo modo que o Pequeno Ditador se isola da ciência, a imprensa e a opinião pública mundial para se fechar nos próprios devaneios. A peste entra, porém, no meio da festa, contagia todos os convivas e os mata em poucas horas.
Como no conto de Edgar Allan Poe, em meio de uma peste mortal, em que a população está sendo dizimada de forma implacável, Jorginho vê a diário nos noticiários da TV o desprezo do Pequeno Ditador, que igual ao jovem príncipe Próspero tece planos mirabolantes a fim de vencer a própria morte. Isolado, junto com uma grande turma de amigos e aduladores, o Príncipe do conto de Poe se afasta do mundo, do mesmo modo que o Pequeno Ditador se isola da ciência, a imprensa e a opinião pública mundial para se fechar nos próprios devaneios. A peste entra, porém, no meio da festa, contagia todos os convivas e os mata em poucas horas.
Mas, um dos cadernos da tia de Marta jogou nesses primeiros quatro meses de isolamento o mesmo papel do mascarado da Morte Rubra no conto de Poe.
Continuará.
JV. São Paulo, agosto de 2024.
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