Samambaia: quando cheguei a São Paulo, quase 32 anos atrás, não se podia andar pelas casas ou apartamentos dos paulistanos sem bater a cabeça contra alguma samambaia; sempre havia uma no teto, pendurada de ganchos embutidos nas lajes, e com seus infalíveis xaxins e os pratinhos pretos com água, que os ecologistas e o dengue, respectivamente, já tiraram de circulação faz um tempo. Os ganchinhos nas lajes ainda seguem por ai, misteriosos, mas, e as samambaias Onde foram parar?
Mania de dar três beijos: outro grande mistério. Quando foi que os paulistanos deixamos (sim, porque depois de 32 anos em Sampa eu já sou mais um deles) de dar três beijos ou dois (três para casar, dois para seguir solteiro/a), e os reduzimos a um só, vergonhoso e rápido (talvez por não querer parecer cariocas?)
Páscoa? Não era o nascimento de Cristo, ou uma lembrança do Renascimento Judaico? Sim, porque igual que as samambaias e os três ou dois beijos paulistanos, também Cristo, ou Jesus, ou Jesus Cristo, digo, a figura humanista e não a religiosa –nem católica nem protestante, claro- que fala de solidariedade, o cuidado com o próximo, a amizade , a preferência pelo pobre e o oprimido que sofre, também desapareceu. Coelhos, ovos e chocolates ocupam o lugar da figura humana, histórica ou mítica, pouco interessa, que fala de paz, de amor e justiça para os mais necessitados, que corre com um látego do templo os mercadores que exploram e maltratam seu povo.
JV
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