sábado, 4 de maio de 2013

Plaza Italia, Garibaldi y la Feria del Libro





Quem visita a “Feria del Libro de Buenos Aires” não pode deixar de ver a fantástica estatua em homenagem a Garibaldi, bem no alto da “Plaza Italia”.
Faz parte da história argentina -entre outras notas pitorescas sobre o monumento- um perdão presidencial inesperado, na mesma hora da inauguração, que se não estivesse bem documentado, poderia se dizer que não passava de uma anedota.

Dizem que foi um perdão sem precedentes o do presidente Roca, decretado do topo do palanque, depois de uma conversa rápida com Mitre, que o acompanhava. Roca não deve ter sido capaz de se impor nessa ocasião, tendo que deixar imediatamente livre e solto Vincente Malpelli, um companheiro de Garibaldi, que havia lutado nas campanhas do herói e estava preso em Buenos Aires por vários crimes, que não eram por motivos políticos ou sociais.

Penso nas coisas estranhas da história: Julio A. Roca, o pretenso herói da "Conquista do Deserto", a Patagônia argentina, um imenso território que até 1879 era de homens livres e "selvagens". E penso nessas mulheres e homens Mapuches e Tehuelches, e suas crianças, ignorantes do medo que os dirigentes argentinos sentiam naquela época de uma possível invasão do Chile. Penso que os índios eram os donos mais genuinamente argentinos e chilenos da Patagônia, seja do leste ou oeste da linha gelada dos Andes, a fronteira que nem os conquistadores espanhóis nem seus descendentes brancos tinham se atrevido a impor ao Mapuche até então
E o presidente Mitre, o carrasco de milhares de homens e crianças do Paraguai, foi um herói da Guerra da Tríplice Aliança? A História nos obriga a perdoar? Ou nos permite esquecer?

Converso um par de horas com o primo, Alejandro Unzaga, e em seguida entro na “Feria del Libro” e procuro o stand da Dunken para dar uma olhada no “El citroën naranja y otros cuentos”, mas não paro de pensar en Garibaldi e seus “camisas vermelhas”, nem me esqueço dos Tehuelches e Mapuches, exterminados pela fúria “civilizadora” de Roca e suas tropas.

Javier Villanueva, abril de 2013; extraido de romance "De Utopias e amores", Librería Española e Hispanoamericana, 2006, Buenos Aires.


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