Quem visita a
“Feria del Libro de Buenos Aires” não pode deixar de ver a fantástica estatua
em homenagem a Garibaldi, bem no alto da “Plaza Italia”.
Faz parte da
história argentina -entre outras notas
pitorescas sobre o monumento- um perdão
presidencial inesperado , na mesma hora
da inauguração, que se não estivesse bem
documentado, poderia se dizer
que não
passava de uma anedota .
Dizem que foi um perdão sem
precedentes o do presidente Roca , decretado do topo
do palanque , depois
de uma conversa rápida
com Mitre, que
o acompanhava. Roca não
deve ter sido capaz
de se impor nessa ocasião ,
tendo que deixar
imediatamente livre
e solto Vincente Malpelli, um companheiro de Garibaldi, que
havia lutado nas campanhas do herói e estava preso em Buenos Aires por
vários crimes ,
que não
eram por motivos
políticos ou
sociais .
E o presidente Mitre, o carrasco de milhares de homens
e crianças do Paraguai, foi um herói da Guerra da Tríplice
Aliança ? A História
nos obriga a perdoar ?
Ou nos
permite esquecer ?
Converso um par de horas com o primo, Alejandro Unzaga, e em seguida entro na “Feria
del Libro” e procuro o stand da Dunken para dar uma olhada no “El citroën
naranja y otros cuentos”, mas não paro de pensar en Garibaldi e seus “camisas
vermelhas”, nem me esqueço dos Tehuelches e Mapuches, exterminados pela fúria “civilizadora”
de Roca e suas tropas.
Javier Villanueva, abril de 2013; extraido de romance "De Utopias e amores", Librería Española e Hispanoamericana, 2006, Buenos Aires.
Nenhum comentário:
Postar um comentário